O governo brasileiro está sob pressão na Conferência do Clima das Nações Unidas (COP22), realizada atualmente em Marrakech, de um certo número de ONGs e empresas que reivindicam a inclusão da conservação de florestas no novo Mecanismo de Desenvolvimento Sustentável criado pelo Acordo de Paris. O assunto tem a ver com o mercado de carbono e provoca um racha entre as organizações.
Da enviada especial a Marrakech
O ambientalista André Ferretti, coordenador do Observatório do Clima, discorda do governo brasileiro. "Na posição que encaminhou à COP, o Brasil se manifestou contra a entrada das florestas no novo mecanismo de desenvolvimento sustentável, que substitui o mecanismo de desenvolvimento limpo do Protocolo de Kyoto."
Segundo ele, o Brasil é contra a mudança. "Porém muitos segmentos da sociedade brasileira, tanto do setor privado quanto ONGs e parlamentares, querem discutir com mais profundidade essa questão, visto que o desmatamento é responsável pela maior parte de emissões de carbono no Brasil, além disso há poucos incentivos para a preservação de florestas."
Já a ambientalista Maureen Santos, da ONG Carta de Belém, vê um risco muito grande de incluir as florestas nativas no novo mecanismo.
"Quando você as inclui, elas passam a ser contabilizadas como crédito de carbono. E a proteção florestal no Brasil não prevê o "off set", que é essa compensação, na qual você vende um crédito de carbono para um país que já está poluindo ou mesmo internamente, o que permite que as empresas continuem poluindo."
Para o Ministério do Meio Ambiente, o tema ainda não chegou a um consenso e deve continuar em debate no Brasil.
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