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Marrocos/COP 22

Para preservar Acordo de Paris, líderes enviam recado a Donald Trump

Os chefes de Estado e ministros de mais de 180 países começaram nesta terça-feira (15) as discussões de alto nível na 22ª Conferência do Clima das Nações Unidas (COP22) ainda preocupados com a repercussão da eleição de Donald Trump nos Estados Unidos. Em entrevista exclusiva à RFI e aos canais de TV France 24 e France 5, o presidente francês, François Hollande, disse que a França quer continuar a cooperar com o governo americano, mas na base de "interesses comuns". 

O presidente francês, François Hollande, espera que Donald Trump esclareça depois da posse, em janeiro, a posição de Washington sobre o Acordo de Paris.
O presidente francês, François Hollande, espera que Donald Trump esclareça depois da posse, em janeiro, a posição de Washington sobre o Acordo de Paris. Reuters/Charles Platiau
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Hollande conversou com Trump por telefone na semana passada, logo após a eleição do republicano, um cético em relação às mudanças climáticas. Além de prometer anular o Acordo de Paris, durante a campanha, Trump também afirmou que daria novo impulso à produção de combustíveis fósseis, como o carvão e o petróleo, o que vai na contramão do que foi acertado na COP 21 para limitar o aquecimento global. 

Para Hollande, Trump não vai fazer no governo tudo o que anunciou na campanha. "Seria arriscado, ele poderia ser visto como alguém que age contra os interesses do planeta". "Eu sei que ele é protecionista, mas se os Estados Unidos não quiserem mais participar das trocas com o resto do mundo, as primeiras vítimas serão as empresas americanas", acrescentou Hollande. "Não se trai uma promessa de esperança", reiterou o líder socialista.

Mais cedo, na sessão plenária de abertura do segmento de líderes, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, disse ter a esperança de que Trump compreenda a urgência das ações climáticas. O sul-coreano argumentou que ninguém “tem o direito de brincar com as gerações futuras”. Ban também fez um apelo para que os países reforcem seus compromissos de redução de emissões de gases poluentes. “Tenho certeza que ele tomará decisões ponderadas”, disse o secretário-geral da ONU.

O rei do Marrocos, Mohamed VI, anfitrião do encontro, fez um pronunciamento insistindo na necessidade de reforçar o Acordo de Paris. Hollande endossou o coro e pediu a Washington que respeite o compromisso firmado durante a COP 21, que deve limitar o aquecimento global a um patamar abaixo de 2°C até o final do século. “Não é só um dever, mas é do interesse dos americanos respeitarem esse compromisso”, enfatizou Hollande.

Um grupo de 27 militares e especialistas em segurança do mundo todo publicou uma carta de alerta nesta terça-feira sobre os riscos ligados aos fenômenos ambientais extremos. "As mudanças climáticas vão fazer com que muitas das crises complexas globais atuais sejam ainda mais difíceis de resolver", advertiu o Grupo de Trabalho sobre Segurança Climática.

A eleição de Trump e suas propostas retrógradas de política energética caíram como uma ducha de água fria sobre a COP 22. Mas muitos líderes acreditam que os interesses econômicos do mercado americano, que já se lançou na corrida por inovações tecnológicas sustentáveis, vão prevalecer.

Em entrevista à RFI, o diretor-geral da Agência das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), José Graziano da Silva, também lembrou que “uma coisa é o que Trump disse durante a campanha, outra coisa é o que ele fará quando chegar ao governo”. Para o diretor da FAO, “Trump é um homem de negócios e logo vai perceber que a economia americana já tomou outra direção”.

Kerry defende compromisso dos EUA nesta quarta

Com o objetivo de acelerar a transição para energias limpas, a ONU defendeu hoje a eliminação de todas as subvenções aos combustíveis fósseis. Elas somaram mais de US$ 10 bilhões em 2010, segundo a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) e a Agência Internacional de Energia (AIE). Na segunda-feira, mais de 400 organizações não governamentais de 60 países pediram, em uma carta aberta aos líderes, que "suspendam imediatamente os novos investimentos em combustíveis fósseis" e eliminem de forma progressiva a dependência do carvão, petróleo e gás.

O secretário de Estado americano, John Kerry, fará nesta quarta-feira em Marrakech um discurso sublinhando a importância da ação climática. Logo depois da eleição de Trump, o secretário disse que era ainda mais importante participar das discussões da COP 22.

Diferentemente de Barack Obama, que priorizou as energias renováveis, o presidente eleito dos Estados Unidos promete relançar a extração de carvão e eliminar as leis que limitam o "fracking" (fraturação hidráulica). Trump também prometeu apoiar a construção do oleoduto Keystone XL entre Canadá e Estados Unidos, que Obama bloqueou. Outra proposta polêmica da campanha do republicano foi acabar com a lei sobre a contaminação atmosférica (Clean Power Plan, em inglês). "Vou eliminar as restrições sobre a energia americana e permitir que essa riqueza chegue a nossas comunidades", disse.

Com agências internacionais

 

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