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Brasil-Mundo

Mineira cuida do patrimônio cultural de 1,6 bilhão de pessoas na Ásia

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Segunda maior economia do mundo, a China é também o segundo país com a maior quantidade de patrimônio natural e imaterial a ser preservada. Perde apenas para a Itália. 

A mineira Marielza Oliveira, diretora da Unesco em Pequim.
A mineira Marielza Oliveira, diretora da Unesco em Pequim. Arquivo pessoal
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Vivian Oswald, correspondente em Pequim

A Grande Muralha da China é uma das "jóias" mais conhecidas do patrimônio chinês. Com quase nove mil quilômetros de extensão, é uma das obras mais complexas feitas pelo homem. Percorre uma boa parte do território nacional entre províncias diversas, o que dificulta o trabalho do poder central de protegê-la. Há algumas semanas, um trecho danificado foi cimentado por um governo local. A ação foi rapidamente identificada pelas autoridades.

Diretora do escritório da Unesco em Pequim, a mineira Marielza Oliveira, conta que não foi a primeira vez nem será a última que algo parecido acontece. Muitas vezes, as modificações são feitas por grupos bem intencionados, porém sem a capacidade técnica necessária. Há quase um ano na China, Marielza já entendeu que este não é um país para ser tratado como os outros.

A tradição é que as construções não são feitas para durar, mas para serem permanentemente reconstruídas e adaptadas. Ela cita o exemplo da Cidade Proibida, outro patrimônio da humanidade. Por séculos, moraram ali os melhores ceramistas da cidade para ficar trocando as telhas. Cerca de 10 mil artesãos já viveram ali só para manter e adaptar os prédios aos novos tempos. Até porque os materiais podem ser tão delicados ou perecíveis como o bambu, o papel de seda e o arroz.

Mesmo assim, Marielza garante que o governo chinês desenvolveu uma estrutura extremamente eficiente para monitorar o seu patrimônio e agir contra depredações e a ação do tempo. A muralha, por exemplo, e outros tantos, são monitorados 24 horas por dia.

China é um dos países mais eficientes em manutenção do patrimônio

O centro de tecnologia geoespacial da China, reconhecido pela Unesco, faz o controle de patrimônios culturais e naturais na área da Ásia do Pacífico por satélite. Ele tira inúmeras fotografias dos bens a cada vez que o foco do satélite passa por eles. As imagens são comparadas e viram um filme, o que permite identificar rapidamente pequenas alterações. A cada sinal de problema, as autoridades são acionadas.

Marielza afirma que, apesar dos desafios da China, a quantidade de recursos de que dispõe e estrutura que montou para cuidar do seu patrimônio faz do país um dos mais eficientes do mundo neste segmento. "Existe um respeito gigantesco pelas tradições culturais", diz a brasileira.

Este é apenas um dos temas de que se ocupa Marielza na capital chinesa. A Unesco cuida de cultura, educação e ciência, o que já seria uma pauta longa para um país como a China. Além disso, o escritório da Unesco em Pequim também é responsável por países tão diferentes como o Japão, a Mongólia, a Coreia do Sul e a Coreia do Norte. Juntos eles representam 1,6 bilhão de pessoas, ou pouco mais de um quinto da população do planeta. "O desafio é fascinante e ao mesmo tempo imenso", reconhece Marielza.

O maior problema é que as políticas discutidas entre a Unesco e os governos dessas nações devem se adaptar a situações diversas não apenas entre elas, como também dentro do seu próprio território nacional. "No caso da educação, por exemplo, você precisa trabalhar com políticas que vão desde a educação coreana, que é considerada uma das mais avançadas do mundo, até com regiões dentro de alguns desses países, com grandes dificuldades para acessar o sistema compulsório", explica a brasileira.

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