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Forças iraquianas entram em Mossul, ONU se preocupa com civis

Os soldados iraquianos conseguiram entrar nesta terça-feira (1°) em Mossul, iniciando a grande batalha para recuperar a maior cidade do país tomada pelo grupo Estado Islâmico em 2014.

Bandeira do Iraque enterrada na areia a leste de Mossul, em 1° de novembro de 2016
Bandeira do Iraque enterrada na areia a leste de Mossul, em 1° de novembro de 2016 REUTERS/Zohra Bensemra
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As forças de elite entraram pelo leste na cidade de Mossul, assumindo posições no bairro de Judaidat al-Mufti, de acordo com o centro de comando das forças armadas. "Este é o início da verdadeira libertação para a cidade de Mossul", anunciou o general Taleb Cheghati al-Kenani, comandante do serviço anti-terrorista iraquiano (CTS). "Nosso objetivo final é a libertação total de Mossul", acrescentou o oficial, falando a partir da cidade vizinha de Gogjali, igualmente retomada pelas forças iraquianas nesta terça-feira.

Horas antes, o primeiro-ministro iraquiano, Haider al-Abadi, também havia expressado otimismo, duas semanas após o início, em 17 de outubro, da grande ofensiva em Mossul. "Vamos fechar o cerco ao grupo EI de todos os lados", afirmou em um discurso na televisão estatal. Os extremistas "não têm escapatória, ou morrem ou se rendem".

Especialistas esperam que os combatentes extremistas, que seriam entre 3.000 e 5.000 na cidade, de acordo com estimativas americanas, resistam até o fim para manter seu reduto, onde seu líder Abu Bakr al-Baghdadi tinha proclamado um "califado" sobre os territórios conquistados no Iraque e na Síria em 2014.

Ao entrar em Mossul, as forças antiterroristas estão à frente das dezenas de milhares de outros combatentes convergindo a partir do norte e do sul, com o apoio dos ataques aéreos da coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos. A leste e a norte, os combatentes curdos consolidaram suas posições em aldeias recentemente retomadas das mãos do grupo jihadista. No sul, as forças do governo continuam a avançar, mas ainda estão a vários quilômetros dos arredores de Mossul. Finalmente a oeste, as forças paramilitares da Hachd al-Chaabi, uma coalizão dominada por milícias xiitas apoiadas pelo Irã, estão tentando cortar as rotas de abastecimento do EI com a Síria. Elas tomaram uma série de aldeias na estrada para Tal Afar, cidade estratégica do "califado" proclamado pelo grupo Estado Islâmico.

As forças que entraram pelo leste podem esperar por reforços de outras unidades antes de conduzir um ataque concertado para avançar para o centro da cidade, de acordo com especialistas. Outra alternativa é se mover apenas nos distritos do leste, parcialmente desertos pelos extremistas que se retiraram para o oeste do Tigre, o rio que atravessa a cidade, onde as suas posições são mais fortes.

Escudos humanos, o temor da coalizão

As forças iraquianas devem tentar abrir corredores humanitários para permitir a fuga de civis da cidade,onde habitam cerca de 1,5 milhão de pessoas, segundo a ONU. As Nações Unidas expressaram nesta terça-feira sua "séria preocupação" com o destino de dezenas de milhares de civis que poderiam ser usados como escudos humanos pelos terroristas.

Neste sentido, os extremistas islâmicos transportaram na segunda-feira (31) em caminhões e ônibus "cerca de 25.000 civis" de uma localidade ao sul de Mossul, Hamam al-Alil, para se aproximar da segunda maior cidade do Iraque, de acordo com informações recolhidas pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos. Mas "a maioria dos caminhões foram impedidos de viajar para Mossul por causa das patrulhas aéreas da coalizão", informou Ravina Shamdasani, sua porta-voz.

A ONU também informou que mais de 40 ex-soldados das forças de segurança iraquianas foram mortos pelos extremistas no sábado e seus corpos jogados no rio Tigre.

Até o momento, mais de 17.900 pessoas fugiram de suas casas desde o início da batalha, de acordo com a Organização Internacional para as Migrações (OIM). As organizações humanitárias estão trabalhando para expandir a capacidade de campos de acolhimento para os deslocados. A ONU estima que mais de um milhão de pessoas poderiam fugir de Mossul.

Nas aldeias libertadas nos arredores de Mossul, os habitantes voltavam para ver suas casas, mas não vão poder se reinstalar imediatamente, em razão do risco das minas e bombas espalhadas pelos jihadistas. Além disso, a Turquia, que quer se envolver na batalha por Mossul, apesar da oposição de Bagdá, enviou tanques e armas para uma área perto da fronteira com o Iraque, disseram autoridades militares.

 

 

 

 

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