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Síria/Conflito

Rússia manterá bombardeios na Síria, apesar de ameaças dos EUA

A Rússia continuará os aéreos em apoio às forças militares do presidente Bashar al-Assad, apesar dos apelos dos Estados Unidos pelo fim dos ataques contra os bairros rebeldes do leste de Aleppo (norte da Síria), anunciou nesta quinta-feira (29) o porta-voz do Kremlin. A declaração acontece depois do presidente Valadimir Putin ter dado na quarta-feira (28) sinais de que iria cooperar com os Estados Unidos. O enviado da ONU diz que é difícil retomar negociações sob bombardeios na Síria.

Ataques aéreos atingiram os dois maiores hospitais dos bairros controlados por rebeldes em Aleppo, na quarta-feira 28 de setembro de 2016.
Ataques aéreos atingiram os dois maiores hospitais dos bairros controlados por rebeldes em Aleppo, na quarta-feira 28 de setembro de 2016. REUTERS/Abdalrhman Ismail
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Diante da ameaça dos Estados Unidos de congelar a cooperação com a Rússia, caso Moscou não suspenda os bombardeios aos bairros rebeldes da cidade síria de Aleppo, o presidente Vladimir Putin ordenou ontem o envio de "especialistas" militares a Genebra para uma "retomada das negociações" com os americanos. Mas nesta manhã, o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, declarou à imprensa que "Moscou manterá sua operação aérea em apoio à luta antiterrorista das Forças Armadas sírias".

Os dois principais hospitais da parte rebelde da cidade foram atingidos na quarta-feira por bombardeios e ficaram temporariamente sem condições de dar assistência aos feridos. Segundo a ONG União de Organizações de Socorro e Cuidados Médicos (UOSSM), que tem sede na França e reúne médicos sírios exilados que voltaram para trabalhar em zonas rebeldes, só sobraram 34 médicos para atender cerca de 300 mil civis que estão sitiados pelo regime em Aleppo.

Os cirurgiões seriam apenas seis ou sete, o que dá a dimensão da catástrofe humanitária que atinge a Síria. A ONG vê uma vontade deliberada de destruir os hospitais na atual ofensiva. Ela denuncia o uso de novas bombas à base de fósforo, que estariam sendo testadas nos civis que ficaram na cidade. Os moradores que ficaram em Aleppo são a população mais pobre e vulnerável, incapaz de fugir do local.

A União de Organizações de Socorro e Cuidados Médicos faz um apelo para que as partes em guerra estabeleçam uma distinção entre as ações militares e a necessidade absoluta de dar assistência humanitária aos civis na segunda maior cidade síria, no norte do país.

Enviado da ONU diz que é difícil retomar negociações sob bombardeios na Síria

O enviado especial da ONU para a Síria, Staffan de Mistura, afirmou nesta quinta-feira (29) após um encontro com o papa Francisco, no Vaticano, que "quando caem bombas por todas as partes é difícil retomar as negociações" de paz. Há menos de uma semana, em 22 de setembro, o enviado da ONU ainda tinha esperanças de que "negociações diretas" entre as partes envolvidas no conflito sírio pudessem acontecer nas próximas semanas.

Desde quinta-feira (22) da semana passada, de acordo com o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), mais de 165 pessoas, em sua maioria civis, morreram nos bombardeios contra Aleppo, cidade que virou o símbolo do confronto entre o regime e os rebeldes. As forças pró-governamentais, apoiadas pela Rússia, tentam recuperar os bairros controlados pelos opositores.

A guerra na Síria, iniciada em 2011, deixou mais de 300.000 mortos e provocou a pior crise humanitária desde a Segunda Guerra Mundial.

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