EUA e Rússia fecham acordo para cessar-fogo na Síria
Os Estados Unidos e a Rússia chegaram a um acordo para um cessar-fogo na Síria. A trégua entrará em vigor na noite de domingo (11). A decisão é resultado das negociações entre os ministros das Relações Exteriores americano, John Kerry, e russo, Serguei Lavrov, na sexta-feira (9), em Genebra. A oposição síria mostrou neste sábado (10) que está reticente quanto ao sucesso da trégua.
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"Estados Unidos e Rússia anunciam um plano pelo qual, esperamos, se poderá reduzir a violência e o sofrimento, e retomar o caminho para uma paz negociada e uma transição política", declarou John Kerry, ao lado de Seguei Lavrov, após a maratona de negociações na sexta-feira.
O plano russo-americano "permite instalar uma coordenação eficaz para lutar contra o terrorismo, sobretudo em Aleppo, e permite reforçar o cessar-fogo. Tudo isso cria as condições para um retorno ao processo político", explicou Lavrov.
Se a trégua durar uma semana, ela abrirá caminho para uma cooperação entre as forças militares dos EUA e Rússia. Isto é, se o cessar-fogo for mantido as forças militares americanas aceitarão colaborar com as tropas russas nas operações contra os grupos jihadistas na Síria, atendendo a uma proposta antiga de Moscou. A cooperação passará, em particular, pela troca de informações para bombardeios aéreos, o que Washington se recusou a fazer até o momento.
Os Estados Unidos "acreditam que a Rússia e meu colega (Lavrov) têm a capacidade de pressionar o regime de (Bashar al) Assad para deter este conflito e sentar na mesa de negociações para se obter a paz", completou Kerry. Lavrov reconheceu, porém, que não tem como garantir em "100%" o sucesso desse novo plano. A iniciativa russo-americana anterior, aprovada pelas Nações Unidas em fevereiro, fracassou.
Oposição síria reticente quanto ao sucesso da trégua
A oposição síria declarou em comunicado na manhã deste sábado (10) esperar que este acordo, que pode acabar com o sofrimento dos civis, após cinco anos de conflito, seja realmente aplicado. O Alto Comitê das Negociações (HCN), que reúne os principais grupos da oposição e de rebeldes sírios, ressaltou que a Rússia é a única “capaz de influenciar o regime de Bashar al-Assad” a respeitar a trégua.
Os rebeldes moderados do Exército Sírio Livre (ASL) também pensam que as chances de sucesso deste novo acordo de paz são pequenas. A ASL lembra que a Rússia e a Síria não respeitaram as regras do último cessar-fogo. Os rebeldes temem que “este acordo seja uma oportunidade para que o exército sírio recupere suas forças e envie milícias suplementares” ao campo de batalha principal, em Aleppo.
Para as Nações Unidas, um êxito nas negociações sobre a Síria entre Estados Unidos e Rússia representa "uma grande diferença em termos de ajuda humanitária, afirmou o enviado especial da ONU, Staffan de Mistura, que também estava na Suíça. Esses anúncios foram feitos, no momento em que a situação humanitária se torna cada vez mais crítica na cidade de Aleppo, sitiada desde quinta-feira (8) pelas forças do regime de Al-Assad.
Plano de transição política
Na quarta-feira (7), em Londres, a oposição síria apresentou um plano de transição política. A primeira etapa do projeto da oposição síria prevê uma fase de seis meses em que "as duas partes negociadoras terão que se comprometer a respeitar uma trégua provisória" e com o retorno de milhares de deslocados e refugiados.
Durante a segunda etapa, que duraria 18 meses, a Síria seria comandada por um governo transitório, que iria requerer "a saída de Bashar al-Assad e seu grupo". A terceira e última etapa permitiria consolidar as transformações através de "eleições locais, legislativas e presidenciais", organizadas "sob a supervisão e com o apoio técnico das Nações Unidas".
O plano retoma os passos estabelecidos em novembro de 2015 pelas grandes potências em Viena, mas que não fixava o destino de Bashar al-Assad. O conflito na Síria - envolvendo as forças do regime de Bashar al Assad, rebeldes moderados e grupos jihadistas como o Estado Islâmico - já deixou, desde 2011, mais de 290 mil mortos e milhões de deslocados e refugiados.
(Com informações da AFP)
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