Acessar o conteúdo principal
Brasil-Mundo

Paixão por neurociências leva jovem brasileira a Copenhague

Publicado em:

Ao contrário do que acontece com muitos adolescentes na mesma idade, a estudante carioca Lorrayne Isidoro tem prazer em se dedicar aos estudos. Foi essa dedicação, somada ao apoio da família, de sua escola e do público em geral, que a trouxe a Copenhague, na Dinamarca, onde ela está representando o Brasil na 16ª Olimpíada Internacional de Neurociências, que começou ontem.

Um grupo de brasileiros recepcionou a estudante carioca Lorrayne Isidoro(centro) no Aeroporto de Copenhague.
Um grupo de brasileiros recepcionou a estudante carioca Lorrayne Isidoro(centro) no Aeroporto de Copenhague. Maia Brix
Publicidade

Margareth Marmori, de Copenhague, para a Rádio França Internacional

 A jovem conseguiu o direito de participar na competição internacional depois de vencer 13 estudantes de todo o Brasil na IV Olimpíada Brasileira de Neurociências.
Lorrayne é aluna da rede pública de ensino e está cursando o 3º ano do segundo grau no Colégio Pedro II, no bairro carioca de Engenho Novo. Filha de um vendedor ambulante e de uma explicadora - pessoa que dá aulas particulares - Lorrayne mora no Morro Camarista Méier, na zona norte do Rio, com os pais e mais três irmãos.

Em Copenhague, antes de voltar aos estudos para se preparar para as provas, Lorrayne falou do seu interesse pelas neurociências e explicou a importância do estudo dessa área do conhecimento.
“É, eu acho muito importante a gente estudar o sistema nervoso. É um dos sistemas que controla o nosso corpo e a agente deveria conhecê-lo de fato. Como a gente estuda pouquinho na escola, também não é obrigação na escola a gente saber profundamente isso, eu resolvi estudar por conta própria porque eu gostava e porque eu queria conhecer mais e acho que é importante saber sobre isso mesmo”.

Maia Brix

Na competição, Lorrayne está enfrentando 25 estudantes vindos de todo o mundo em três provas diferentes. Ontem, ela fez provas práticas de anatomia, histologia e análises clínicas nos laboratórios da Universidade de Copenhague. Hoje, ela vai enfrentar um teste escrito em que terá de responder a 30 perguntas em 30 minutos. Amanhã, a jovem vai se encontrar com os juízes da olimpíada para uma prova oral em inglês, na qual os participantes terão de 30 a 60 segundos para escrever suas respostas.

Lorrayne disse que está confiante de que está bem preparada para os testes e falou do que considera ser seu ponto forte nas neurociências.
“De fato, cada uma (área da neurociência) tem aquela parte que a gente tem de estudar um pouco mais, mas, assim, eu acho que tenho bastante facilidade em neuroanatomia. Mas aí vai dependendo de cada um. Por exemplo, as neurociências clínicas são mais fáceis para umas pessoas e mais complicadas para outras. A neurofisiologia que é considerada mais difícil porque tem muitos detalhes, mas de fato eu gosto de estudar todas, mas, de fato, parece que eu tenho mais facilidade com a neuroanatomia. ”

As dificuldades que Lorrayne enfrentou nas últimas semanas para conseguir chegar a Copenhague se tornaram conhecidas através das redes sociais. O Colégio Pedro II contribuiu para cobrir parte dos custos da viagem, mas ainda assim a equipe da Olimpíada Brasileira de Ciências teve de criar uma vaquinha online para conseguir os demais recursos necessários.

Sem a vaquinha, Lorrayne não teria tido condições financeiras para participar da competição, já que a verba prometida pelo Conselho Nacional de Pesquisa só chegou dias antes do evento.

Os usuários das redes sociais também se mobilizaram para pressionar a Polícia Federal que atrasou a entrega dos passaportes de Lorrayne e de sua mãe. Dias antes do embarque, milhares de pessoas compartilharam a notícia de que Lorrayne corria o risco de não viajar porque não tinha recebido o documento. Somente 24 horas antes da hora marcada para o voo, a Polícia Federal emitiu passaportes emergenciais.

Além da mãe, Lorrayne viaja acompanhada da professora de biologia Camila Marra, que vem orientando os estudos da jovem, e do pesquisador, Alfred Sholl, que é professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro e coordena as olimpíadas no Brasil.

Na chegada à Dinamarca, o apoio dos brasileiros à estudante ficou novamente evidente. Um grupo de dez pessoas se organizou através das redes sociais e foi ao Aeroporto de Copenhague receber Lorrayne com cartazes, bandeiras, flores e, claro, muitos abraços de boa sorte.

A estudante está agradecida e se diz emocionada com o apoio que tem recebido, mas não esquece outros jovens brasileiros que não têm tido a mesma atenção.
“Eu não esperava tanta visibilidade, mas eu achei de fato muito interessante e muito importante saber que a população, o povo se importa em apoiar alguns jovens, de fato.

E espero que esse apoio seja permanente porque existem vários talentos no Brasil, existem vários talentos em vários lugares. Eu acho, acredito que é muito importante que os jovens tenham apoio porque eles vão ajudar a determinar o futuro da nação. “
 

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Veja outros episódios
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.