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Países abrem investigações após revelações do escândalo Panama Papers

O alvoroço causado pelas revelações sobre o vasto sistema de evasão fiscal envolvendo personalidades políticas, bancos, esportistas e milionários do mundo inteiro, motivou diferentes países a abrirem investigações para apurar as revelações feitas pelo Panama Papers.

Na Islândia, milhares de pessoas foram às ruas pedir a renúncia do primeiro-ministro do país.
Na Islândia, milhares de pessoas foram às ruas pedir a renúncia do primeiro-ministro do país. REUTERS/Stigtryggur Johannsson
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A Justiça francesa abriu uma investigação "por lavagem de dinheiro e fraude fiscal agravada". O presidente François Hollande defendeu que as revelações resultem em investigações fiscais e procedimentos judiciais. Várias ONGs querem, porém, a proibição pura e simples de empresas anônimas "de fachada".

Madri também anunciou uma investigação centrada em eventuais clientes do escritório Mossack Fonseca e residentes na Espanha. Já a Austrália investigará 800 clientes, enquanto a Suécia pediu a Luxemburgo informações sobre uma filial do principal banco escandinavo, Nordea, que facilitou a evasão fiscal de clientes.

As autoridades americanas indicaram que examinam as informações publicadas, enquanto a Casa Branca, prudente, ressaltou a necessidade de "uma maior transparência" nas transações internacionais. A Alemanha, que defende maior rigidez na luta contra a evasão fiscal, espera que o "debate contribua para aumentar a pressão" neste sentido, disse um porta-voz do Ministério das Finanças.

Rússia alega “falsidades e invenções”

Na Rússia, empresas e pessoas próximas ao presidente Vladimir Putin - que não aparece citado diretamente nos documentos – teriam depositado dois bilhões de dólares em empresas de fachada. O Kremlin reagiu de maneira imediata e acusou o Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ) de lançar um "ataque informativo ardiloso". Realizada por "ex-funcionários do Departamento de Estado, da CIA e dos serviços secretos", a investigação está repleta de "falsidades e invenções", disse um porta-voz.

Até agora, foi na Islândia a maior repercussão do escândalo causado pelas divulgações do Panama Papers. Ontem, em Reykjavik, capital do país, 20 mil pessoas foram às ruas pedir a demissão do primeiro-ministro Sigmundur David Gunnlaugsson. O nome dele aparece como sócio de sua mulher em uma empresa offshore nas Ilhas Virgens Britânicas. Ele negou as acusações, disse que suas empresas pagaram os impostos devidos e não vai renunciar.

No Brasil, Eduardo Cunha nega acusações
No Brasil, ao menos 57 envolvidos no escândalo de corrupção da Petrobras abriram 107 empresas em paraísos fiscais por meio da Mossack Fonseca. Segundo informações divulgadas na imprensa, algumas empresas eram até agora desconhecidas da operação Lava Jato, iniciada em 2014 pelo juiz Sérgio Moro, que revelou a rede de corrupção de licitações manipuladas e de financiamento de campanhas políticas ao redor da Petrobras.

Na lista, aparece uma empresa que, segundo um delator do esquema de corrupção na Petrobras, pertence ao presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha. Nenhum documento tem sua assinatura, porém, de acordo com as informações do UOL, de O Estado de S.Paulo e da Rede TV, os três integrantes brasileiros da investigação internacional dos Panama Papers.

Em um comunicado, Cunha negou com veemência as versões e desafiou qualquer pessoa a provar que tem relação com alguma empresa "offshore". De acordo com informações do jornal Le Monde, a empresa em questão é a Penbur, criada em setembro de 2001, e que é oficialmente dirigida por dois testa-de-ferro panamenhos, Jose Melendez et Yenny Martinez, que aparecem nos documentos divulgados pela Mossak Fonseca.

Mas o que foi apurado é que as contas da Penbur correspondem ao que foi confessado à polícia brasileira pelo empresário Ricardo Pernambuco, que garante que Cunha utilizava a Penbur para receber remessas de dinheiro do exterior, e que ele teria recebido “comissões” na época da reforma do “Porto Maravilha”, no Rio de Janeiro.

O Le Monde afirma ainda que o nome de Cunha é citado em uma transação realizada em 2011 em Benim. O empresário português Idalécio de Oliveira teria aberto uma sociedade nas ilhas Virgens Britânicas, ,a Lusitânia Pretroleum Holding Limited. Alguns meses depois, a Petrobras comprou campos de petróleo no Benim da Lusitânia. No entanto, jamais foi encontrado petróleo no local e os investigadores suspeitam que a transação tenha sido para pagar subornos a Cunha.

Também apareceriam nos documentos novas contas de empreiteiras envolvidas no escândalo da Petrobras, como a Odebrecht, cujo presidente, Marcelo Odebrecht, foi condenado em março a quase 20 anos de prisão.

Investigação internacional

A investigação promovida por mais de 100 veículos de comunicação de todo o mundo revelou no domingo que 140 líderes políticos ou personalidades de destaque em escala mundial depositaram dinheiro em paraísos fiscais. Todos os documentos procedem do escritório panamenho, que tem representação em 35 países especializados em criar empresas e sociedades, e cobrem um período de quase 40 anos. Nos documentos, são citadas quase 214.000 empresas em paraísos fiscais.

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