“Guerra” pelas riquezas do Polo Norte já começou, nota revista francesa
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A revista francesa Le Point desta semana traz uma reportagem especial sobre a “guerra do gelo” entre os países em volta do Polo Norte. A região, ainda hoje misteriosa, atrai a ganância das grandes potências, acentuada pelo degelo das calotas polares. O descongelamento do Ártico alimenta as fantasias sobre os tesouros escondidos sob o gelo, principalmente o petróleo e o gás.
“Cada um defende desde já a sua área. Uma guerra estranha se instalou no pico do planeta”, diz o texto. Na linha de frente, está a Rússia. Desde 2013, o presidente Vladimir Putin deixou claro que Moscou utilizaria “todos os instrumentos” para proteger os interesses nacionais russos nesta zona. Segundo a reportagem, o país possui a maior parte da costa em frente ao Ártico, 30%, seguido pelo Canadá, com 25%.
Le Point destaca que, sozinha, a Rússia possui de duas a três vezes mais quebra-gelos do que todos os outros países que atuam na região. A revista detalha os inúmeros desenvolvimentos e exercícios militares promovidos por Moscou nas bordas não só do Polo Norte, como dos vizinhos. “Hoje, a Rússia rearma o seu norte, instala tropas, constrói prédios militares. Ela vai abrir ou renovar 13 pistas de aviação (…), vai colocar baterias antiaéreas aqui e ali e uma dezena de novas estações de radares”, inclusive bem perto da Noruega.
Nos últimos meses, nota a reportagem, foram registrados três vezes mais voos russos sobre o Ártico e o Mar Báltico. Um conselheiro do presidente da Sociedade Russa de Geografia garante à revista francesa que o objetivo “não é militarizar o Ártico”, mas sim “instalar centros de salvamento”.
Estados Unidos se mobilizam também
Toda essa movimentação gerou resposta dos americanos, que reforçaram o monitoramento por satélite dessa área inóspita e levaram submarinos nucleares em direção ao polo. O presidente Barack Obama, ressalta a matéria, chegou a falar em instalar um novo quebra-gelo, uma medida que os Estados Unidos não cogitavam havia mais de 30 anos. A base americana na Islândia pode, inclusive, ser reativada, depois de 10 anos de fechamento.
Também atentos, os noruegueses ampliaram os voos de monitoramento e aumentaram o orçamento da Defesa em 9% neste ano. O Canadá, por sua vez, há anos denuncia a política expansionista da Rússia no Polo Norte.
Mas a verdade, constata Le Point, é que todos os países da região tentam alargar as suas fronteiras, guiados pelas perspectivas econômicas da exploração de gás e petróleo. A mando de russos ou noruegueses, grandes companhias como a francesa Total, a chinesa CNPC e a coreana Samsung Heavy Industries realizam obras faraônicas na região – uma delas, tem o custo estimado em US$ 30 bilhões.
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