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Linha Direta

Ex-diretores da Tepco são indiciados pelo acidente em Fukushima

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Três ex-diretores da Tokyo Electric Power, a Tepco, empresa que opera a central nuclear de Fukushima, foram formalmente acusados pela promotoria japonesa por não terem tomado as medidas necessárias para evitar o desastre nuclear de março de 2011, o segundo pior da história desde o de Chernobyl, na Ucrânia, em 1986. Este é o primeiro processo penal de responsáveis pela usina, que sofreu graves danos depois do forte terremoto seguido de tsunami.

Foto montagem do ex-presidente de TEPCO, Tsunehisa Katsumata (esq.) e de 2 ex-vices presidentes: Ichiro Takekuro (Centro) e Sakae Muto.
Foto montagem do ex-presidente de TEPCO, Tsunehisa Katsumata (esq.) e de 2 ex-vices presidentes: Ichiro Takekuro (Centro) e Sakae Muto. REUTERS/Kyodo ATTENTION EDITORS
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Ewerthon Tobace, correspondente da RFI em Tóquio

A promotoria japonesa já tinha decidido não processar os ex-executivos por falta de provas. Porém, uma decisão de um comitê judicial formado por cidadãos em Tóquio forçou a abertura deste processo judicial. Em 2012, um grupo formado por vítimas do acidente nuclear apresentou a primeira denúncia contra um total de 42 autoridades e responsáveis pela usina, que continuaram operando a planta e não tomaram as medidas necessárias de segurança, mesmo conhecendo os riscos de um grave acidente.

A promotoria arquivou o pedido de processo por considerar que era muito difícil prever a escala do tsunami que atingiu a usina. O grupo recorreu então ao comitê de investigação judicial, um órgão raramente usado no Japão e que é formado por cidadãos. Este comitê aceitou a denúncia em julho do ano passado e pressionou a promotoria a abrir o processo judicial.Os três ex-diretores da Tepco que estão sendo processados são Tsunehisa Katsumata, de 75 anos, que era o então presidente da companhia na época do acidente, e os ex-vice-presidentes Sakae Muto, de 65, e Ichiro Takekuro, de 69.

Funcionários não estão presos

Os funcionários vão responder ao processo em liberdade, segundo divulgou a mídia japonesa, e se declararem  inocentes. O argumento será que não tinham como antecipar o tamanho do tsunami. Além disso, o julgamento só deverá começar no final do ano, pois a promotoria já comentou que levará muito tempo para recolher todas as provas necessárias.

Processo de reabilitação da usina será longo

Passados quase cinco anos depois do acidente nuclear, o complexo processo de desmantelamento da usina chegou a apenas 10%. Para a Tepco, esse tempo foi necessário para estabilizar a segurança do local. Entre os avanços, segundo divulgou a empresa, estão a retirada de todo o combustível nuclear do reator 4, o menos afetado pelo tsunami, e o processamento de toda água altamente radioativa que estava acumulada.

Agora começa o processo de desmantelamento das unidades 1, 2 e 3, de onde serão retiradas as barras de combustível fundidas, uma tarefa nunca feita antes nestas condições. Por isso, a empresa diz ter esperanças no avanço da robótica, pois somente robôs poderão executar algumas delicadas tarefas devido aos níveis mortais de radiação dentro dos vasos dos reatores.Segundo a Tepco, o desmantelamento total da central irá durar de 30 a 40 anos.

Moradores ainda não sabem quando voltarão para casa

No final do ano passado o governo japonês suspendeu a ordem de evacuação para a cidade de Naraha, que fica a 20 km ao sul da usina nuclear de Fukushima. Este foi o primeiro município a receber autorização dos sete que foram forçados a evacuar toda a população por causa da contaminação de radiação. No entanto, de acordo com uma pesquisa o governo, 53% das pessoas que saíram de Naraha afirmam que não estão prontos para voltar à cidade ou que estão indecisos em relação ao assunto. Alguns já conseguiram emprego em outro lugar, enquanto outros citam preocupação em relação à radiação.

Radiação não teve impacto na saúde dos habitantes

Existe sim. Agora no final de fevereiro foi divulgado um estudo feito pelo professor Koichi Tanigawa, da Universidade Médica de Fukushima. Ele analisou dados médicos de todos os moradores da região após março de 2011 e concluiu que a radiação emanada do acidente nuclear de Fukushima não teve um impacto significativo sobre a saúde dos habitantes das zonas mais próximas à usina. Pelo menos por enquanto.

O relatório também destaca um aumento de patologias psiquiátricas por causa da tragédia, como síndrome de estresse pós-traumático, ansiedade crônica e depressão.Já a incidência de doenças tradicionalmente associadas à radiação, como leucemia, câncer de mama, de tiróide e de outros tipos, é, segundo o especialista “equivalente à de outras zonas do Japão”.

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