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Fabricantes ocidentais de armas retrocedem e russos ganham espaço

Os fabricantes ocidentais de armas detiveram a maior parte do mercado mundial do setor em 2014, mas suas vendas caem ao mesmo tempo em que os negócios de seus concorrentes russos crescem, anunciou nesta segunda-feira (22) o Instituto de Pesquisa da Paz Internacional de Estocolmo (Sipri).

Tanque de guerra russo equipado com o míssil BUK
Tanque de guerra russo equipado com o míssil BUK @wikimedia
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Em queda pelo quarto ano consecutivo, o volume de negócios dos 100 maiores fabricantes do planeta caiu 1,5% em 2014, a US$ 401 bilhões, cinco vezes o orçamento anual das operações de paz das Nações Unidas.

As empresas situadas nos Estados Unidos e na Europa Ocidental representam mais de 80% do mercado, mas o faturamento das vendas caiu 3,2% em relação ao ano anterior. Três delas saíram do top 100.

"Com uma queda combinada de 7,4% na venda de armas, as empresas da Europa Ocidental sofrem um retrocesso acentuado, o que ilustra as dificuldades econômicas da região", afirma o relatório.

Explosão de 50% nas vendas da indústria russa

Já as 36 empresas que representam o resto do mundo nessa classificação anual viram suas receitas subir 25% no ano passado, graças a uma explosão de quase 50% das vendas da indústria russa, que figura com 19 fabricantes e suas filiais no ranking do Sipri.

Bem atrás do primeiro fabricante mundial, o americano Lockheed Martin (US$ 37,5 bilhões de receita), o russo Almaz-Antee figura na 11ª posição com um volume de negócios de US$ 8,8 bilhões. A empresa fabrica principalmente o míssil BUK, apontado como causador da destruição do Boeing 777 da Malaysia Airlines, atingido em 17 de julho de 2014 na Ucrânia.

Boa parte da produção da Rússia é destinada às suas Forças Armadas, mas o país também conta com importantes clientes no resto do mundo, incluindo os rivais Índia e China.

Rússia buscou novos mercados

A Síria também se abastece dos produtos de Moscou desde a era soviética, mas "não recebe mais grande coisa atualmente", afirma Simon Wezeman, especialista em gastos militares do Sipri.

Depois de quase cinco anos de um conflito que já deixou mais de 250 mil mortos e provocou o êxodo de milhões de pessoas, a Síria "não tem mais meios" para se equipar para combater os grupos rebeldes e os jihadistas do Estado Islâmico. "Os russos dizem, em resumo: paguem e fornecemos. Se não pagarem, não o faremos".

No total, as vendas de armas russas não foram abaladas pelas sanções internacionais decretadas depois da anexação da península ucraniana da Crimeia, em março de 2014. Os representantes do setor afirmam que isso encorajou a Rússia a buscar novos mercados e investir em novas tecnologias.

O diretor-geral da agência Rosoboronexport, encarregada das exportações de equipamentos militares, Anatoli Isaikine, estimou recentemente que essas vendas devem permanecer estáveis nos próximos três anos.

Indústria ucraniana abalada

O grupo Uralvagonzavod, uma holding que reúne mais de 30 empresas fabricantes e emprega mais de 70 mil pessoas, é um dos que aumentam mais depressa seu volume de negócios para US$ 1,45 bilhão, o que representa um crescimento de quase 50% em relação a 2013.

Inversamente, as vendas de armas da Ucrânia afundaram em 2014 (-37,4%). A UkrOboronProm, sociedade estatal que domina as vendas ucranianas, retrocedeu da 58ª à 90ª posição na classificação do instituto sueco, vítima de "um enfraquecimento da moeda nacional", das "perturbações na produção ligadas ao conflito" e do "fim do comércio de armas russo-ucraniano em meados de 2014",segundo o relatório.

As vendas da indústria francesa caíram 11,3%, abaladas pelos desempenhos da fabricante de aviões Dassault (-29,3%) e do grupo de eletrônica de defesa Thales (-17,4%). O Sipri não contabilizou as empresas chinesas "por falta de dados que permitam estimativas confiáveis".
 

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