Acessar o conteúdo principal

Oposição síria vai a Genebra, mas se recusa a negociar com Damasco

O principal grupo opositor sírio anunciou nesta sexta-feira (29) que assistirá aos diálogos de paz coordenados pela ONU em Genebra, mas não participará das negociações. A informação foi confirmada por um alto delegado, depois de quatro dias de conversas em Riad, na Arábia Saudita. O país patrocina vários grupos rebeldes reunidos no chamado Comitê de Altas Negociações porque quer a derrubada de Bashar al-Assad.

O enviado da Organização das Nações Unidas para a Síria, Staffan de Mistura, durante coltiva de imprensa nesta sexta-feira (29) em Genebra.
O enviado da Organização das Nações Unidas para a Síria, Staffan de Mistura, durante coltiva de imprensa nesta sexta-feira (29) em Genebra. Fabrice Coffrini/AFP
Publicidade

O delegado informou que o Comitê de Altas Negociações mandará "em torno de 30 pessoas" a Genebra para os diálogos pela paz na Síria abertos nesta sexta-feira. Mas, no Twitter, o grupo destacou, que não participará das negociações com o governo sírio.

A oposição, formada por partidos políticos e grupos armados inimigos do regime de Bashar al-Assad, pede o fim dos bombardeios das zonas civis, a libertação de prisioneiros e das cidades sitiadas pelo regime, de acordo com a resolução adotada no último 18 de dezembro pelo Conselho de Segurança da ONU.

"Obtivemos garantias [com as Nações Unidas] que a resolução 2.254 seria plenamente aplicada. Então, nós iremos a Genebra para falar de questões humanitárias", declarou o porta-voz do Comitê, Salim al Mouslat, ao canal de televisão saudita, Al Arabiya al Hadath.

Boicote poderia levar ao fracasso das negociações

A ameaça do boicote do Comitê de Altas Negociações poderia representar o fracasso total das negociações, declarou um diplomata ocidental sob anonimato. Com a ausência do grupo de oposição, o encontro seria uma ocasião para Damasco fazer propaganda de suas boas intenções, enquanto as violências continuam na Síria.

O governo sírio confirmou o envio de uma delegação, sob o comando do ministro das Relações Exteriores, Walid Al-Moualem. O enviado da Organização das Nações Unidas para a Síria, Staffan de Mistura, o encontrou nesta noite e confirmou que deve reunir com a oposição no domingo (31). Em comunicado, a ONU também informou que o enviado vai conversar com outros participantes das negociações e representantes da sociedade civil síria.

Ontem, Mistura enviou uma mensagem de vídeo ao povo sírio, em que lembra os fracassos de reuniões anteriores na tentativa de obter a paz. Na gravação ele garante que, desta vez, a negociação não pode falhar.

Dois antecessores de Mistura fracassaram na missão de empreender diálogos de paz entre Damasco e a oposição: Kofi Annan e Lakhdar Brahimi. Na ausência de evolução das negociações, ambos pediram demissão.

Quase cinco anos de conflito e duas tentativas fracassadas

O encontro é a terceira tentativa das Nações Unidas para acabar com quase cinco anos de um conflito que já matou cerca de 250 mil pessoas e provocou a fuga de 4,5 milhões de sírios para fora do país, de acordo com a ONU.

O objetivo imediato é um cessar-fogo, mesmo que seja de curto prazo, para permitir que agências das Nações Unidas e grupos humanitários possam levar medicamentos e comida para cidades sitiadas. Segundo a ONU, 400 mil pessoas em 18 cidades, estão sem acesso à ajuda humanitária.

Com exceção de Deir al Zour, cidade cercada pelos radicais do grupo Estado Islâmico, a maioria destas cidades estão cercadas pelo exército sírio. O objetivo maior é organizar a transição política na Síria para possibilitar o fim da guerra. Foi esta a meta estabelecida por uma resolução do Conselho de Segurança da ONU, aprovada em dezembro passado.

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Compartilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.