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Egito tem revolução 'confiscada' cinco anos após queda de Mubarak

A revolução egípcia de 2011 completa seu quinto aniversário entre a indiferença de muitos e o medo de outros, sob um regime autoritário que realizou dezenas de detenções nos últimos dias e proibiu qualquer manifestação nesta segunda-feira (25). Somente 100 pessoas se reuniram na emblemática praça Tahrir, palco da revolta, para lembrar a data.

Forças de segurança ocupam a praça Tahrir, no Cairo, para impedir qualquer manifestação no quinto aniversário da revolução.
Forças de segurança ocupam a praça Tahrir, no Cairo, para impedir qualquer manifestação no quinto aniversário da revolução. REUTERS/Mohamed Abd El Ghany
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O paradoxo é evidente: 25 de janeiro é o "Dia da Revolução" desde 2012, mas nenhuma cerimônia está prevista para lembrar a insurreição que durou 18 dias e resultou na queda do ex-ditador Hosni Mubarak. O poder fez de tudo para impedir manifestações dos jovens, que consideram que sua revolução foi confiscada.

A praça Tahrir, no centro do Cairo, já não é mais um local de debate e protestos. O Egito é novamente dirigido com mão de ferro pelo ex-general e atual presidente Abdel Fattah al-Sissi. Há exatamente cinco anos, a praça se encheu de milhares de manifestantes que, encorajados pela queda de Ben Ali na Tunísia onze dias antes, se concentraram para exigir a saída de Mubarak.

O alvo principal da revolta dos egípcios era a polícia, que detinha e torturava com total impunidade. Mas também exigiam "pão, liberdade e dignidade". O parênteses democrático aberto em 2011 foi fechado em 2013 pelos militares, acostumados a dirigir o Egito desde que se converteu em república, em 1953.

Militares destituíram presidente islâmico para restabelecer regime autoritário

Em 3 de julho de 2013, o então chefe do Exército, general al-Sissi, depôs e ordenou a detenção do chefe de Estado islamita Mohamed Mursi, primeiro presidente eleito democraticamente no país. Mursi, ligado à Irmandade Muçulmana, passou apenas um ano no poder. Porém, como ele não respondeu a nenhuma das aspirações populares depois da queda de Mubarak, acabou se transformando num cadáver político.

Este golpe colocou fim ao governo da Irmandade Muçulmana, acusado de incompetência e de ter "insultado" os nobres objetivos da revolução. Os militares aproveitaram essa insatisfação para iniciar uma repressão implacável contra os partidários de Mursi, que terminou com 1.400 mortos e 15.000 detidos, e depois tomou como alvo a oposição laica e de esquerda.

Sem se esconder, o próprio Sissi disse na campanha presidencial de 2014, conquistada por ele sem problemas, que "serão necessários entre 20 e 25 anos para instaurar uma verdadeira democracia no Egito".

"Depois de ter sido confiscada, a revolução foi enterrada", constata Karim Bitar, pesquisador do Instituto de Relações Internacionais e Estratégicas (IRIS) de Paris.

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