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Disputa de influência / Arábia Saudita / Irã

Arábia Saudita executa religioso xiita e gera protestos do Irã

O ministério do Interior da Arábia Saudita informou ter executado neste sábado (2) 47 pessoas condenadas por terrorismo, em doze cidades do país. Entre os mortos figura o dirigente religioso xiita Nimr Baqer Al-Nimr, um crítico do regime sunita saudita. O anúncio da execução do imã, denominação que se dá àqueles que celebram o culto muçulmano nas mesquitas, provocou reações indignadas no Oriente Médio.

Manifestação de apoio ao xeque Nimr, diante da embaixada saudita em Sanaa, no Iêmen, em outubro de 2014.
Manifestação de apoio ao xeque Nimr, diante da embaixada saudita em Sanaa, no Iêmen, em outubro de 2014. AFP PHOTO / MOHAMMED HUWAIS
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O xeque e imã xiita Al-Nimr, de 56 anos, era um virulento crítico da poderosa família Al-Saoud, que governa a Arábia Saudita. Em 2011, ele liderou um movimento de protesto na região leste do país, onde a minoria xiita se concentra, mas se sente marginalizada pela monarquia sunita. Detido em 2012 em uma operação policial violenta, na qual dois membros da comunidade xiita foram mortos, o imã foi condenado à morte em outubro de 2014, acusado por um tribunal de Riad de "desobediência ao rei", "incitação à desordem" e "porte de arma".

Entre as pessoas executadas também figuram sunitas condenados por envolvimento nos atentados reivindicados pela Al Qaida em 2003 e 2004, além de um cidadão egípcio e um africano do Tchade. A lista inclui Fares Al Shuwail, que a imprensa saudita apresenta como o líder religioso da Al Qaeda na Arábia Saudita, detido em agosto de 2004.

No início de dezembro, o braço armado da Al Qaeda no Iêmen ameaçou a Arábia Saudita com um "banho de sangue", se as autoridades decidissem executar jihadistas presos no país. Desde meados do ano passado, Riad lidera uma intervenção militar no Iêmen contra grupos armados que derrubaram o governo local e ameaçam sua influência na região.

Do Irã ao Iraque, execução de líder religioso é condenada

O anúncio da execução do religioso provocou uma onda de reações no Oriente Médio. O Irã, grande potência xiita na região e inimigo do regime sunita saudita, disse que a Arábia Saudita vai pagar caro pela execução de Nimr. Em nota do ministério de Relações Exteriores, o governo iraniano afirma que o governo saudita apoia movimentos terroristas e extremistas, utilizando a linguagem da repressão e da pena de morte contra opositores no interior do país [...] e pagará um preço elevado por essas políticas", diz o texto.

O Conselho Supremo Xiita do Líbano também condenou a execução do imã, afirmando se tratar de "um erro grave". Em comunicado assinado pelo vice-presidente do organismo, o Conselho declara que a execução de Nimr representa "a morte do diálogo e da razão".

O parlamentar iraquiano Mohammed Al Sayhoud, membro da coalizão no poder no Iraque, declarou, por sua vez, que a execução do dirigente religioso visa alimentar a rivalidade entre sunitas e xiitas, no Oriente Médio, e pode "incendiar a região".

No Bahrein, a notícia da execução do imã levou dezenas de pessoas às ruas em um vilarejo xiita à oeste da capital, Manama. A polícia lançou bombas de gás lacrimogênio para dispersar os manifestantes, que carregavam cartazes com a imagem de Nimr. Em todo o país, dirigido por sunitas, membros da comunidade xiita fizeram apelos por manifestações.

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