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Repórteres sem Fronteiras

110 jornalistas foram mortos no mundo em 2015, segundo relatório

Um total de 110 jornalistas foram mortos no mundo em 2015, segundo relatório divulgado nesta terça-feira (29) pela organização Repórteres sem Fronteiras (RSF), ressaltando que, enquanto muitos morreram em zonas de conflito, a maioria morreu em países supostamente pacíficos. Sessenta e sete jornalistas morreram no exercício da profissão.

O atentado no jornal Charlie Hebdo fez da França o terceiro país com jornalistas mais mortos
O atentado no jornal Charlie Hebdo fez da França o terceiro país com jornalistas mais mortos REUTERS/Regis Duvignau/Files
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O relatório lista Iraque e Síria como os lugares mais perigosos do mundo para jornalistas, com 11 e 10 mortes respectivamente, seguidos pela França, onde oito profissionais foram mortos no atentado contra o jornal satírico Charlie Hebdo em janeiro.

Quarenta e três jornalistas faleceram em circunstâncias não esclarecidas, e 27 jornalistas não-profissionais também morreram. A grande quantidade é "vastamente atribuída à violência deliberada contra jornalistas" e demonstra o fracasso de iniciativas para proteger os profissionais da categoria, segundo o relatório, que pede para que as Nações Unidas tome medidas concretas.

Em particular, o relatório revela o crescente papel de grupos terroristas, como o Estado Islâmico, em perpretar atrocidades contra os jornalistas. Em 2014, dois terços dos jornalistas foram mortos em zonas de guerra. Este ano foi exatamente o contrário, dois terços morreram em países em paz.

"Grupos terroristas cometem atrocidades direcionadas enquanto muitos governos não cumprem a sua obrigação sob a lei internacional", afirmou Christophe Deloire, secretário-geral do RSF. "Os 110 jornalistas mortos mostram que necessitamos uma resposta urgente para o problema. Um representante especial da secretaria geral nas Nações Unidas para a segurança de jornalistas deve ser nomeado sem atraso."

As 67 mortes elevalm para 787 o número de jornalistas que foram assassinados no exercício da profissão desde 2005, segundo a organização, que tem seu escritório central em Paris. Em 2014, houve 66 assassinados.

Charlie Hebdo

A França foi cenário em janeiro de um ataque sem precedentes à imprensa, quando dois terroristas abriram fogo na redação do jornal satírico Charlie Hebdo, na capital francesa, matando oito jornalistas.

"Foi uma tragédia sem precedentes", diz o relatório. "Nunca antes um país ocidental havia sofrido um massacre desse tipo. Os jornalistas e funcionários do jornal vivem sob proteção desde então. Alguns deles têm que mudar constantemente de casa."

Na Síria, a cidade de Aleppo foi descrita como um "campo minado" para jornalistas. "Trabalhando em meio ao fogo cruzado entre diferentes facções desde 2011, os jornalistas se transformaram em vítimas colaterais, sendo feitos reféns por grupos terroristas ou rebeldes, como o Estado Islâmico e a Al-Nosra, ou sendo presos pelo regime de Bashar Al-Assad."

Os jornalistas assassinados na Síria incluem o repórter japonês Kenji Goto, cuja execução pelo grupo Estado Islâmico foi divulgada em um vídeo macabro em janeiro.

México, mais perigoso da América Latina

Com oito jornalistas assassinados em 2015, o México foi o país da América Latina mais perigosos para a profissão. Os Estados de Veracruz e Oaxaca, no sul do país, são os mais “mortais” para repórteres, vítimas das máfias ou de líderes políticos locais.

No passado, os jornalistas podiam fugir desses Estados para se refugiar em regiões mais tranquilas, mas o assassinato de Rubén Espinosa na capital, no dia 31 de julho, “demonstrou que hoje em dia não existe refúgio para os jornalistas ameaçados”, segundo o relatório.

Espinosa apareceu morto com feridas de tortura junto com quatro mulheres em um apartamento da capital mexicana. Ele havia fugido do Estado de Veracruz. A sua morte levantou uma onda de indignação e colocou em evidência a vulnerabilidade da profissão no México.

Segundo o RSF, a lei de proteção de jornalistas aprovada dias mais tarde no distrito do México “apenas será eficaz se for estendida a outros Estados e se receber meios eficazes de implementação”. Depois do México, Honduras é o país mais perigoso para os jornalistas na América Latina, com sete repórteres mortos em 2015.

 

Índia, o país mais "mortal" na Ásia

O relatório do RSF também destacou a Índia, onde nove jornalistas foram mortos desde o início do ano, alguns deles por denunciar o crime organizado e a sua ligação com políticos com o objetivo de encobrir a mineração ilegal.

Cinco jornalistas foram mortos em exercício, e quatro por razões não determinadas - fato que que colocou a Índia abaixo da França, onde as causas da mortes são conhecidas, na lista do RSF.

"Essas mortes confirmam a Índia como o país mais perigoso para os jornalistas, na frente do Paquistão e do Afeganistão", diz o relatório, pedindo que o governo indiano crie um plano nacinal para proteger os jornalistas.

Em Bangladesh, quatro bloggers foram mortos por jihadistas. "A passividade das autoridades do país diante dessas mortes criou um clima de impunidade que é extremamente perigoso para jornalistas não-profissionais", segundo o relatório.

O relatório também destacou os 54 jornalistas que foram feitos reféns, sendo 26 na Síria, e 153 que foram presos, 23 deles na China e 22 no Egito.

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