Acessar o conteúdo principal

Envio "irresponsável" de armas ao Iraque alimenta grupo EI, diz Anistia

As transferências "irresponsáveis" de armas realizadas para o Iraque são a principal origem do arsenal do grupo jihadista Estado Islâmico (EI). A denúncia é feita nesta terça-feira (8) em um relatório da organização Anistia Internacional.

Reserva de armas do grupo Estado Islâmico descoberta perto de Kobane, na Síria.
Reserva de armas do grupo Estado Islâmico descoberta perto de Kobane, na Síria. Gail Orenstein/NurPhoto
Publicidade

O documento revela que o EI utiliza armas e munições fabricadas em ao menos 25 países, boa parte da Rússia, como o fuzil Kalachnikov. Os jihadistas combatem ainda com o Tabuk, de fabricação iraquiana, o americano Bushmaster E2S, o chinês CQ, o alemão G36 e o belga FAL.

A Anistia destaca que os países exportadores - incluindo os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança: Estados Unidos, Grã-Bretanha, França, China e Rússia - tinham plena consciência dos riscos da transferência de armas para o Iraque, onde, segundo o documento "a corrupção é endêmica".

"O imenso e variado armamento que utiliza o grupo EI ilustra até que ponto a grande escala do comércio irresponsável de armas alimenta as atrocidades", afirma Patrick Wilcken, investigador da Anistia. Ele ressalta que o principal problema é "uma má regulamentação somada à falta de vigilância dos enormes fluxos de armas para o Iraque há décadas" alimentam os jihadistas e outros grupos armados.

Crescimento do arsenal no Iraque

O arsenal iraquiano cresceu durante a guerra Irã-Iraque (1980-1988), o que o relatório descreve como "um momento áureo para o desenvolvimento do mercado global de armas modernas". O Iraque também foi inundado por armas após a invasão de 2003 liderada pelos Estados Unidos e, segundo o documento, o fluxo de armamento prosseguiu com os acordos firmados após a saída das tropas americanas, em 2011.

De acordo com a Anistia, as armas fabricadas no exterior e capturadas pelo EI quando conquistou a cidade de Mossul, em junho de 2014, foram utilizadas para tomar outros territórios e cometer crimes contra os civis. A organização jihadista também capturou importantes quantidades de material bélico no Iraque, quando assumiu o controle de bases militares e policiais em Fallujah, Saqlawiya, Ramadi e Tikrit, mas também na Síria. O armamento apreendido é redistribuído em diferentes frentes: armas obtidas em Mossul foram enviadas duas semanas depois a 500 quilômetros da cidade, no norte da Síria.

Além de armas, o EI também apreendeu veículos militares. Segundo o relatório, as operações lançadas pelas forças governamentais para reconquistar Ramadi, capital da província iraquiana de Al Anbar, estão sendo frustradas por uma "centena de veículos de combate blindados, incluindo tanques" capturados pelos radicais.

Embargo ao regime sírio

A Anistia pede um embargo total do fornecimento de armas às forças do regime sírio e que exportação de armas ao Iraque que passe por avaliações estritas. A organização pede ainda a ratificação do Tratado sobre Transferências de Armas (TTA) pelos países que ainda não o fizeram, como Estados Unidos, Rússia e China.

"As consequências, no Iraque e na região vizinha, da proliferação de armas e dos abusos destruíram as vidas e a subsistência de milhões de pessoas e representam uma ameaça permanente", afirma Wilcken. Para ele, isso deve servir de alerta para os exportadores de armas através do mundo.

(Com informações da AFP)

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Compartilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.