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Dia Mundial de Combate à Aids: ONU quer acabar com epidemia até 2030

Lançado em 1988, o Dia Mundial de Combate à Aids ganhou um novo fôlego neste ano com o anúncio da Unaids, a agência especializada da ONU sobre luta contra o vírus. A organização espera dobrar, nos próximos cinco anos, o número de pessoas que recebem tratamento contra a doença. Além disso, as Nações Unidas ratificaram nesta terça-feira (1) o compromisso de acabar com a epidemia da doença até 2030.

Crianças chinesas da cidade de Fuyang participam dos eventos do Dia Mundial de Combate à Aids, dia 1° de dezembro.
Crianças chinesas da cidade de Fuyang participam dos eventos do Dia Mundial de Combate à Aids, dia 1° de dezembro. REUTERS/Stringer
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O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, afirmou que a edição deste ano do Dia Mundial de Combate à Aids traz "uma nova esperança". Ele declarou que os líderes mundiais têm o compromisso de acabar com a epidemia da doença até 2030. Além disso, a Unaids tem a meta de oferecer tratamento a 30 milhões de soropositivos em cinco anos, o dobro dos que são tratados hoje.

Boas notícias também por parte da Organização Mundial da Saúde (OMS), que anuncia um recuo das novas infecções de HIV. Em 15 anos, o número de contaminações em todo o mundo diminuiu em 35% (58% em crianças). No mesmo período, houve um aumento de 84% no acesso dos soropositivos às terapias antiretrovirais.

Último relatório da ONU tem dados alarmantes

Mas nem tudo são flores. Atualmente, apenas 40% dos infectados por HIV em todo o mundo recebem tratamento. O próprio relatório de 2015 da ONUSIDA sobre a situação do vírus pelo mundo traz dados muito graves:

- No total, 36,9 milhões de pessoas são soropositivas em todo o mundo

- 17,1 milhões de soropositivos do mundo não sabem que são portadores do vírus

- Desde 2000, 38,1 milhões de pessoas foram infectadas pelo HIV e 25,3 milhões de pessoas morreram de doenças relacionadas à Aids

- Apenas em 2014, 2 milhões de pessoas contraíram o vírus. Neste mesmo ano, 1,2 milhão de pessoas morreram de doenças relacionadas à Aids

- Apenas 15,8 milhões de pessoas têm acesso à terapias antiretrovirais

- Só na África subsaariana, 1,4 milhão de pessoas contraíram o vírus em 2014 (com uma queda de 40% em relação a 2000)

- A Europa oriental/Ásia central foi a única região que registrou um aumento das infecções entre 2000 e 2014. No ano passado, 140 mil pessoas contraíram o vírus: um aumento de 30% em 14 anos.

"O HIV é uma prova violenta das desigualdades no mundo", afirma o documento. A maior parte das infecções ainda é registrada na África, em homens e mulheres heterossexuais e crianças. Na África do Sul, por exemplo, o número de adolescentes mortos por doenças relacionadas à Aids triplicou em 15 anos. A maior parte deles contraiu a doença quando eram bebês.

De acordo com a Unicef, no continente africano, os adolescentes de 15 a 19 anos são o único grupo em que as contaminações não diminuem. A Aids, aliás, é a primeira causa de morte dessa faixa etária na África e a segunda no mundo.
 

Medidas importantes para lutar contra a propagação da Aids

Um dos principais objetivos das autoridades de saúde no mundo é aumentar o acesso aos testes de autodiagnóstico. No Malawi, na África, uma importante iniciativa conseguiu convencer 76% dos moradores de um município a realizar esse diagnóstico simples e rápido.

O preço do autodiagnóstico, no entanto, ainda é uma barreira para que essa prática se popularize. Na França, o teste foi colocado à venda por um valor que varia entre € 20 e € 30 (R$ 81 e R$ 122). Mas a medida é importante: uma recente pesquisa apontou que 28% dos franceses que realizaram este exame disseram que só o fizeram pela possibilidade de adquiri-lo em uma farmácia e que se recusariam a ir a um centro de saúde para o mesmo procedimento.

O Truvada, a profilaxia de pré-exposição mais eficaz até hoje, também é outra opção sobre a qual as autoridades de saúde pretendem investir. A combinação de diferentes antirretrovirais é destinada a pessoas que não são soropositivas, mas que têm alta probabilidade de contrair o HIV. Ela foi aprovada nos Estados Unidos, na Grã-Bretanha e recentemente na França, onde será completamente reembolsada pelo plano público de saúde.

O problema também é o custo desta profilaxia, recomendada pela OMS a pessoas que correm um risco "substancial" de ser infectados, como homossexuais "muito expostos", usuários de drogas e garotas e garotas de programa. O preço médio da cartela com 30 comprimidos fica em torno de US$ 500 (R$ 1.931).

Outra medida que a OMS pretende colocar em prática é oferecer o tratamento aos infectados o mais rápido possível, prioritariamente nas 72 horas seguintes à infecção. Mas, novamente, a África é a maior prejudicada dentro deste panorama. Em pelo menos 14 países do continente, 80% das pessoas que deveriam receber antiretrovirais não são tratadas. Dos 21,2 milhões de africanos soropositivos, apenas 7,6 milhões eram medicados até o fim de 2012.

São Francisco é exemplo de luta contra a Aids

São Francisco, nos Estados Unidos, considerada a capital da epidemia no Ocidente nos anos 90, tornou-se um exemplo de combate ao vírus nos últimos meses. Atualmente, as autoridades sanitárias contabilizam menos de uma contaminação por dia, quase nenhum morto pela doença e a realização de testes de despistagem por cerca de 90% dos homossexuais. Ainda hoje, 95% das contaminações acontecem dentro da comunidade gay da cidade, uma das maiores do país. Mas especialmente graças ao Truvada, São Francisco começa a dar uma reviravolta, - uma verdadeira revolução para o local onde 2 mil pessoas chegaram a morrer por ano depois de contrair o HIV.

O San Francisco General Hospital tornou-se o principal campo de batalha contra o vírus. O trabalho se concentra na disponibilização rápida de um tratamento logo que o HIV é detectado em um paciente. A prevenção também é uma dos focos da instituição, que conta com o apoio de todas as organizações LGBT da cidade.

Para isso, a prefeitura também aceitou aumentar os esforços contra a Aids. Entrevistada pelo jornal francês Libération, a secretária de Saúde de São Francisco, Barbara Garcia, indicou que o orçamento para combater a epidemia dobrou. "É nossa prioridade. Toda a cidade está voltada para esta luta", declarou.

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