Acessar o conteúdo principal
Turquia/atentado

Em meio a tensão política, Turquia enterra vítimas de atentado

Nesta segunda-feira (12), a Turquia continuou enterrando vítimas do atentado mais violento de sua história, que segundo os números do governo, causou 97 mortes. Organizações médicas falam em 128 mortos e mais de 500 feridos. Nenhum representante do governo compareceu às cerimônias, ao contrário do líder do partido pró-curdo HDP, Salahatin Demirtas, que esteve em vários enterros da capital.

Multidão carrega caixões cobertos com bandeiras curdas em Istambul
Multidão carrega caixões cobertos com bandeiras curdas em Istambul REUTERS/Osman Orsal
Publicidade

A tragédia aconteceu no sábado (10), durante uma manifestação pela paz, organizada por opositores ao governo conservador de Recep Erdogan. Enquanto os quase 10 mil manifestantes denunciavam, aos gritos de "Erdogan assassino", a guerra do presidente contra o Partido dos Trabalhadores do Curdistão, o PKK, duas bombas explodiram.

Um dia antes do atentado, na sexta-feira, o presidente turco havia tirado do ar sete canais de televisão de oposição. Portanto, toda a cobertura do crime, que visou uma maioria absoluta de curdos, foi feita pela mídia governista.

Resultado: não houve pudores em acusar o PKK pelo atentado - ainda que não houvesse qualquer evidência que apontasse para o movimento curdo. Hoje, o governo passou a direcionar a suspeita ao grupo Estado Islâmico, contra quem a Turquia trava uma guerra de fachada para, na verdade, combater o PKK.

Eleições legislativas

O ataque acontece a poucos dias das eleições legislativas de 1° de novembro, convocadas depois que o partido de Erdogan, AKP, se recusou a formar uma coalizão governamental. Essa era a única alternativa para a sigla governar depois de perder a maioria no Parlamento graças à eleição histórica de 13% de deputados pró-curdos do HDP. Foi um balde de água fria nos planos do presidente turco de reformar a Constituição para se outorgar plenos poderes.

Desde então, Erdogan trava uma guerra implacável contra a esquerda no plano político - ao ponto de chamar o opositor Demirtas de "terrorista" e propor a suspensão da imunidade parlamentar dos deputados do HDP - e contra o PKK no plano militar. As vezes as duas frentes se confundem, como quando militantes do AKP incendeiam comitês do HDP.

O atentado acontece, portanto, em um momento de forte polarização política promovida, como disse o vespertino francês Le Monde em editorial, exclusivamente por Recep Erdogan que, ainda segundo o jornal, agita um coquetel de ultranacionalismo e islamização da política.

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Compartilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.