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Síria/ conflito

Apoio russo leva forças de Assad a reconquistar territórios de opositores

As forças governamentais sírias, apoiadas pela aviação russa, ganham terreno diante dos rebeldes que se opõem ao ditador Bashar al-Assad. Neste domingo (11), a organização internacional Humans Rights Watch acusou a Rússia de utilizar bombas de fragmentação, ou fornecer o artefato para o regime sírio, do qual Moscou é aliada.

Exército sírio tenta retomar cidade de Kafr Nabudah, na província de Hama, controlada pelos rebeldes.
Exército sírio tenta retomar cidade de Kafr Nabudah, na província de Hama, controlada pelos rebeldes. REUTERS/Ammar Abdullah
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No 12º dia da intervenção russa na Síria, as tropas Assad avançaram em dois eixos: a província central de Hama, onde conquistaram territórios na estrada que une Damasco a Aleppo, e as colinas de Latakia, no oeste do país. Embora afirme atacar principalmente o grupo jihadista Estado Islâmico (EI), a Rússia tem como alvo, sobretudo, os opositores ao regime.

Na região central de Hama, as tropas sírias avançam formando um arco que se estende do leste de Khan Sheikun até o sul, em direção a Kafar Nabuda, para encurralar os rebeldes. "Essa ofensiva busca expulsar os rebeldes da planície de Sahl Ghab, que se encontra na intercessão entre as províncias de Hama, Latakia e Idleb", explicou à AFP Rami Abdel Rahman, diretor do Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH).

No oeste e no sul desta planície de 1.000 quilômetros quadrados vivem alauitas, o grupo religioso xiita ao qual Assad pertence. Os opositores rebeldes dominaram grande parte desse território nos últimos meses e ameaçavam a província de Latakia, principal reduto do regime, e a cidade de Hama, que o exército sírio também controla.

Segundo o OSDH, as forças governamentais também ganharam terreno no oeste do país, ao conquistar a cidade de Kafar Dalaba, na região montanhosa de Latakia. Se o regime seguir avançando na zona, talvez possa lançar uma ofensiva sobre a província de Idleb, controlada pelos grupos opositores, inclusive extremistas. "O objetivo no longo prazo é retomar a província de Idleb (noroeste), sobretudo a cidade estratégica de Yisr al Shugur, e romper o cerco às duas localidades xiitas de Fua e Kafraya", explicou Rahman.

Em abril, a província de Idleb caiu nas mãos do Exército da Conquista, uma coalizão de rebeldes islamitas na qual participa a Frente Al-Nosra, o braço sírio da Al-Qaeda. Este grupo rebelde recebe o apoio das monarquias sunitas do Golfo e da Turquia, que lhe fornecem armas e dinheiro.

Bombas de fragmentação

A ONG Human Rights Watch (HRW) acusou neste domingo Moscou de utilizar ou fornecer ao exército sírio novas bombas de fragmentação, que são mais mortíferas. Segundo a ONU, estes projéteis são especialmente perigosos para os civis, uma situação que perdura anos após seu lançamento.

A HRW afirmou que as bombas foram utilizadas em um ataque aéreo, no dia 4 de outubro, perto da localidade rebelde de Kafar Halab, a sudoeste de Aleppo, no norte da Síria. A ONG não pôde, no entanto, determinar se elas haviam sido lançadas pelo exército sírio ou pelos russos.

Putin nega ofensiva terrestre

O presidente russo, Vladimir Putin, repetiu neste domingo que Moscou não enviará tropas terrestres à Síria. "Não cogitamos fazê-lo e nossos amigos sírios sabem disso", declarou Putin ao canal de televisão russo Rossiya 1.

Segundo o presidente russo, o objetivo de sua intervenção militar na Síria é "fortalecer as autoridades legítimas e criar as condições necessárias para alcançar um compromisso político". Putin descartou que a Rússia esteja envolvida em uma corrida armamentista com o Ocidente, apesar da demonstração de força do exército russo, que atingiu vários alvos com mísseis de cruzeiro, lançados de mais de 1.500 km de distância.

"Não se trata de uma corrida armamentista. Trata-se do fato de que as armas modernas melhoram e mudam", explicou o presidente russo.

O ministério russo da Defesa anunciou neste domingo que atingiu 63 alvos na Síria nas últimas 24 horas, nas províncias de Hama, Latakia, Idleb e Raqa. Desde o início de sua intervenção na Síria, no dia 30 de setembro, a Rússia, fiel aliada de Damasco, realizou bombardeios a partir de seus aviões de combate e de seus navios situados no mar Cáspio, mas não mobilizou tropas terrestres.

Em Washington, o Pentágono anunciou avanços em suas últimas conversas com Moscou para evitar qualquer incidente entre as aviações dos dois países na Síria. O ministério russo da Defesa classificou as conversas de “profissionais e construtivas”.

Com informações AFP

 

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