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Grupo Estado Islâmico

“Para o EI, ser gay é sinônimo de morte”, diz iraquiano em depoimento à ONU

“Nessa sociedade, ser gay é sinônimo de morte.” O autor da frase prefere ficar anônimo. Adnan, nome falso escolhido por ele, fala pelo telefone direto de um lugar também não revelado, no Oriente Médio. Ele diz apenas que é iraquiano. Tudo isso, diante dos membros do Conselho de Segurança da ONU que, na segunda-feira (24), fizeram uma reunião inédita dedicada aos direitos dos homossexuais.

Subhi Nahas, um homossexual sírio, presta depoimento.
Subhi Nahas, um homossexual sírio, presta depoimento. REUTERS/Mike Segar
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Marie Bourreau, correspondente da RFI em Nova York.

Pela primeira vez desde sua criação, em 1945, o Conselho de Segurança realizou um encontro de “alto nível” sobre os direitos da comunidade LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transexuais). Vítimas de perseguição homofóbica pelo grupo Estado Islâmico no Iraque e na Síria testemunharam diante dos membros do Conselho.

No depoimento de Adnan, o objetivo era detalhar os crimes sofridos por homossexuais nas áreas controladas pelos extremistas. “Quando os jihadistas do EI capturam alguém, eles inspecionam seu telefone, os contatos e amigos do Facebook. Depois eles caçam os gays, um por um”, relatou o iraquiano. A perseguição aos homossexuais, segundo ele, teria “efeito dominó”: quando um é pego, os outros também acabam sendo encontrados.

Segundo a Comissão Internacional dos Direitos dos Gays e Lésbicas, o grupo Estado Islâmico reivindicou, desde o ano passado, pelo menos 30 execuções de homens acusados de “sodomia”. Vídeos contendo símbolos do EI e também depoimentos atestam que, nos últimos meses, na Síria, vários homossexuais foram jogados do alto de prédios, principalmente nas cidades de Palmira e Deir Ez Zor. “A multidão, aplaudindo, agia como se estivesse em um casamento”, afirma um homossexual sírio, agora refugiado nos Estados Unidos.

Iniciativa inédita

A embaixadora americana na ONU, Samantha Power, destacou a importância da realização deste encontro inédito: “Já era hora, 70 anos depois da criação da ONU, de as pessoas LGBT, que temem no mundo todo por suas vidas, serem colocadas em primeiro plano”.

A reunião, ocorrida a portas fechadas, foi organizada por iniciativa da China e dos Estados Unidos e foi aberta a todos os membros do Conselho de Segurança. Mas Angola e Chade não enviaram representantes. Entre os 193 países membros das Nações Unidas, 77 possuem leis que penalizam a homossexualidade, considerando crime ou delito.

“Hoje, uma porta foi aberta”, celebrou Jessica Stern, diretora executiva da Comissão Internacional dos Direitos dos Gays e Lésbicas. “A comunidade internacional deve considerar a perseguição aos LGBT como um dos ingredientes da maneira como o grupo Estado Islâmico trata aqueles que considera ‘impuros’”, completou Stern. Mas, além dos casos evocados na reunião, ela quer que a defesa dos direitos homossexuais seja praticada “antes, durante e depois dos conflitos”.

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