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Viena/Nuclear

Grandes potências e Irã fecham histórico acordo sobre programa nuclear iraniano

O grupo das grandes potências (Estados Unidos, França, Reino Unido, Rússia, China mais a Alemanha) e o Irã concluíram nesta terça-feira (14) um histórico acordo sobre o programa nuclear iraniano, segundo informou uma fonte diplomática à agência AFP. O compromisso estabelece parâmetros para as atividades atômicas iranianas em troca de um levantamento gradual das sanções impostas pelos ocidentais a Teerã. Pelos termos do acordo, o Irã fica definitivamente impedido de fabricar a bomba atômica.

As negociações sobre o programa nuclear iraniano aconteceram em Viena, na Áustria.
As negociações sobre o programa nuclear iraniano aconteceram em Viena, na Áustria. REUTERS/Leonhard Foeger
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O texto autoriza o Irã a dar continuidade ao seu programa nuclear civil e abre caminho para a normalização das relações econômicas e diplomáticas do país com a comunidade internacional.

Foi acordado que as Nações Unidas manterão o embargo às importações de armas pelo Irã por um período de cinco anos. O governo iraniano também fica proibido de comprar mísseis balísticos de outros países por um período de oito anos. Por outro lado, as restrições à importação de alguns produtos de uso civil e militar serão abandonadas.

As sanções econômicas e financeiras americanas e europeias ao Irã serão suspensas quando o acordo for devidamente ratificado, mas uma cláusula prevê que, em caso de descumprimento por parte de Teerã, as Nações Unidas poderão restabelecer as sanções.

Avanços significativos

O Irã autoriza a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) a realizar uma ampla investigação sobre as atividades nucleares executadas no passado e atualmente, para afastar a suspeita de que o programa civil desenvolvido por Teerã esconde uma dimensão militar. O diretor da AIEA, Yukiya Amano, considera este ponto do acordo "um avanço significativo" nas relações com o Irã.

A agência oficial iraniana IRNA informou que as usinas nucleares do país vão prosseguir com o enriquecimento de urânio em todas as centrífugas já instaladas. De acordo com a agência, bilhões de dólares de ativos iranianos congelados no exterior serão restituídos ao país. O acordo suspende as sanções contra o Banco Central do Irã, contra a companhia pública de petróleo e dezenas de outras instituições iranianas.

Reações

A chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini, disse que o acordo "abre um novo capítulo nas relações internacionais".

O presidente iraniano, Hassan Rohani, fez uma declaração similar à da italiana, afirmando que o compromisso "abre novos horizontes".

O ministro das Relações Exteriores francês, Laurent Fabius, afirmou que o acordo finalizado é "suficientemente robusto" e traz garantias por um período de dez anos. Ele considerou "provável" uma visita a Teerã nos próximos dias. Fabius também disse não temer que a recente aproximação da França com a Arábia Saudita − monarquia sunita do Golfo que disputa a liderança regional com o Irã, de maioria xiita − prejudique os negócios das empresas francesas no mercado iraniano.

"Erro histórico", diz Netanyahu

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, considerou o acordo "um erro histórico". Ele disse que "Israel fará tudo o que estiver ao seu alcance para impedir que ele seja ratificado".

"O Irã vai obter um salvo-conduto para obter armas nucleares. Muitas das restrições impostas para impedir a compra de armas serão suspensas", disse Netanyahu antes de uma reunião com o ministro das Relações Exteriores holandês, Bert Koenders.

"O acordo é um 'jackpot' para o Irã, que ganhará bilhões de dólares que lhe permitirão continuar a atacar e aterrorizar a região e o mundo. É um grave erro de conseqüências históricas", afirmou o chefe do governo israelense.

Congresso americano

Para entrar em vigor, o Congresso americano ainda precisa aprovar o acordo, que é uma das prioridades do governo de Barack Obama.

As grandes potências e o Irã negociaram o compromisso durante quase dois anos, sendo que a etapa final começou há 17 dias, em Viena, na Áustria, sede da AIEA.

 

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