França abre arquivos referentes ao genocídio em Ruanda
A presidência francesa decidiu abrir seus arquivos secretos sobre o período do genocídio em Ruanda, entre 1990 e 1995. A decisão foi anunciada nesta terça-feira (7), no 21° aniversário do início do massacre que deixou 800 mil mortos. O governo ruandês acusa a França de cumplicidade no genocídio.
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De acordo com um comunicado do Eliseu, os documentos disponibilizados são relatório de conselheiros diplomáticos e militares do ex-presidente francês François Mitterrand, que dirigia o país na época.
"O presidente François Hollande anunciou há um ano que a França deveria optar pela transparência e facilitar o trabalho de registros sobre esse período", indicou o documento. O recenseamento dos arquivos foi coordenado pelo Secretariado Geral da Defesa e da Segurança Nacional (DGDSN), com relatórios secretos elaborados pelos conselheiros diplomáticos e militares do Eliseu, além de registros da pasta da Defesa e de reuniões ministeriais.
Os documentos estarão à disposição de pesquisadores ou de associações de vítimas do genocídio. Os massacres de 1994, que essencialmente visaram a minoria tutsi, fizeram cerca de 800 mil mortos em alguns meses.
Cúmplice no genocídio
O governo ruandês acusou Paris diversas vezes de ter sido cúmplice do genocídio, sobretudo com a operação militar Turquesa, lançada em junho de 1994, oficialmente com um objetivo humanitário. Em 2007, o relatório de uma investigação de Ruanda condena o apoio militar da França entre 1990 e 1994.
Outro documento, realizado com base no depoimento de um militar belga, afirma que munições francesas chegaram a Ruanda no início do genocídio. Em 2012, o jornal Libération também revelou que 15 mísseis franceses Mistral faziam parte do arsenal ruandês às vésperas do começo do massacre, mesmo que na época houvesse um embargo internacional.
O relatório também acusa Paris de ter colaborado com o governo interino de Kigali da época, recebendo altos responsáveis em abril de 1994, quando o massacre já acontecia em Ruanda.
A França reconheceu ter falhado em suas relações com Ruanda. Mas o país nega que tenha contribuído diretamente com o massacre.
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