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Rússia/ tensão

Em clima de resposta à Otan, Rússia encerra exercícios militares

A Rússia encerrou neste sábado (21) as manobras militares excepcionais que realizou ao longo da semana, em clima de queda de braço com a Otan (Organização para o Tratado do Atlântico Norte). Mais de 80 mil soldados russos foram mobilizados, uma operação que se transformou em demonstração de força diante dos ocidentais, em meio à crise na Ucrânia.

Enquanto isso, na Estônia, soldados americanos exibem tanques para população, como parte da operação Determinação Atlântica.
Enquanto isso, na Estônia, soldados americanos exibem tanques para população, como parte da operação Determinação Atlântica. REUTERS/Ints Kalnins
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“As tropas receberam a ordem de retornar para as suas bases permanentes”, declarou o tenente-general Andreï Kartapolov, para agências de notícias russas. O presidente Vladimir Putin havia ordenado a realização dos exercícios.

As tropas estiveram mobilizadas nos quatro cantos da Rússia: do Mar Megro ao Pacífico, passando pelo Ártico e incluindo o deslocamento de bombardeiros nucleares na Crimeia e o disparo de mísseis balísticos no enclave europeu de Kaliningrado.

De acordo com analistas, as manobras têm vários objetivos, tanto de curto quanto de longo prazo. O primeiro é responder ao envio de 3 mil soldados dos Estados Unidos nos países bálticos, no início do mês, e ao reforço do contingente da Otan na fronteira oriental.

“Manobras impressionam”, diz Otan

Desde fevereiro, a organização ocidental criou uma nova força composta de 5 mil homens na região. Um centro de comando foi instalado na Bulgária. O general Ben Hodges, comandante das forças terrestres da Otan, disse que as manobras russas foram “impressionantes”.

"O que me preocupa é saber que os russos podem, efetivamente, mobilizar 30 mil homens e mil tanques em um mesmo lugar, muito rapidamente", declarou Hodges, na sexta-feira (20).

Em Pskov, região fronteiriça entre a Rússia, a Estônia e a Letônia, várias unidades de para-quedistas fizeram treinamento durante a noite para fim simular a tomada de controle de um território. Enquanto isso, a 7 mil quilômetros em direção ao leste, 500 soldados treinaram para se prevenir de um ataque inimigo nas Ilhas Curilas, território reclamado pelo governo do Japão.

Preocupação de vizinhos

Os exercícios foram criticados pelos países vizinhos da Rússia. O disparo das baterias de mísseis Iskander, em Kaliningrado, foi o que causou mais preocupação. Esses mísseis têm a capacidade "de alcançar metade das capitais europeias, podendo chegar até Berlim", segundo a presidente da Lituânia, Dalia Grybauskaite, que denunciou um caso de "demonstração de força e agressão".

O governo polonês assinalou que a intenção da Rússia com as manobras militares foi fazer pressão antes da reunião de cúpula da União Europeia (UE), em Bruxelas, ocorrida na quinta-feira. Na ocasião, os líderes europeus decidiram prorrogar as sanções impostas à Rússia até o final do ano.

Situação na Ucrânia

Neste sábado, a Rússia apelou à Alemanha e à França para garantir que Kiev não incite à violência no leste do país. Moscou afirma que o governo ucraniano quer usar a situação como desculpa para encorajar os Estados Unidos a enviarem armas letais às forças ucranianas. Paris e Berlim ajudaram a mediar um acordo de paz na capital bielorussa de Minsk no dia 12 de fevereiro, para pôr um fim aos confrontos entre forças do governo e separatistas pró-russos. Mas a trégua ainda está frágil.

"Provocadores em Kiev poderiam ‘criar alguma coisa’ na expectativa de que isso influencie a opinião mundial, e armas chegarão à Ucrânia", advertiu o ministro das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, em uma entrevista a um canal de televisão russo. "Estou convencido de que Berlim e Paris, os agentes mais importantes da negociação, devam evitar que isso ocorra."

Em um comunicado, a diplomacia russa também acusa o governo ucraniano de estar “blefando” quando diz que começou a retirar as armas pesadas da linha de frente do confronto com os separatistas. Essa etapa estava prevista no acordo de cessar-fogo, e Kiev afirma ter cumprido quase toda a sua parte no início da semana.

Citando imagens que mostram soldados com armas de artilharia pesada, em uma área que deveria estar sob a fiscalização dos observadores internacionais da OSCE (Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa). “Trata-se de uma nova violação grosseira dos acordos de Minsk, que preevem a retirada das armas pesadas da linha de frente”, ressalta Moscou.
 

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