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Iraque/Religião

Para Unesco, destruição de cidade arqueológica no Iraque é "crime de guerra"

A Unesco condenou com veemência nesta sexta-feira (6) a destruição da cidade de Nimrud pelo grupo Estado Islâmico (EI) e considerou a ação "um crime de guerra". A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura também falou que o ato dos extremistas é uma "barbárie" e que a comunidade internacional não pode ficar "calada".

Vestígios arqueológicos da cidade de Nimrud.
Vestígios arqueológicos da cidade de Nimrud. Foto: @Creative Commons
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"Não podemos ficar calados. A destruição deliberada do patrimônio cultural constitui um crime de guerra e faço um apelo para  todos os responsáveis políticos e religiosos da região combaterem essa nova barbárie", escreveu em um comunicado a diretora-geral da Unesco, Irina Bokova.

Ela indicou ter recorrido à presidência do Conselho de Segurança das Nações Unidas e à procuradoria do Tribunal Penal Internacional sobre o assunto. Bokova lançou um apelo para que a comunidade internacional una seus esforços para "pôr um fim a esta catástrofe".

Uma semana depois de ter divulgado um vídeo com imagens de destruição de esculturas pré-islâmicas em Mossul, ao norte de Bagdá, o grupo Estado Islâmico começou a destruir a cidade de Nimrud, considerada um tesouro arqueológico do Iraque. Os jihadistas usam veículos pesados para destruir construções da cidade fundada há 3.300 anos.

O ministério iraquiano do Turismo e Antiguidades informou que ainda não é possível avaliar os estragos provocados pelos radicais islâmicos. Especialistas consideram a destruição de Nimrud "um verdadeiro desastre". Na quinta-feira passada, as imagens da destruição de esculturas pré-islâmicas no museu de Mossul também provocaram uma onda mundial de indignação e protestos.

Cidade arrasada

Dez jihadistas atacaram e destruíram os vestígios da cidade assíria de Nimrud, segundo fontes governamentais e tribais. "Membros do (grupo) Estado Islâmico vieram ao sítio arqueológico de Nimrud, saquearam objetos de valor antes de arrasar o local", disse uma fonte tribal à agência Reuters. Segundo a fonte, estátuas, paredes e um castelo foram completamente destruídos.

O ministério iraquiano do Turismo e Antiguidades confirmou as informações e acusou os terroristas do grupo de "continuar a desafiar o mundo e a humanidade". "Eles atacaram e devastaram a cidade antiga de Nemrud e se apropriaram de objetos arqueológicos datados de trezes séculos antes de Jesus Cristo", afirmou o comunicado do ministério publicado na quinta-feira (5).

Nimrud está localizada nas margens do rio Tigre e fica a 30 quilômetros de Mossul, segunda maior cidade do Iraque, controlada desde junho passado pelos combatentes do grupo Estado Islâmico.

Erguida por volta do ano 1250 antes da era cristã, a cidade de Nemrud se tornou, quatro séculos mais tarde, a capital do império neo-assírio, que era na época o Estado mais poderoso do mundo e que cobria um território que englobaria atualmente a Turquia, o Egito e o Irã.

A maior parte dos vestígios do famoso sítio arqueológico, investigado desde o final do século 19 por arqueólogos, foi retirada do Iraque. Entre eles, os Touros Alados que se encontram no Museu Britânico de Londres. Para Bagdá foram levadas centenas de pedras preciosas e peças de ouro.

Para os especialistas, as destruições do patrimônio histórico e cultural do Iraque pelo grupo Estado Islâmico são comparáveis à destruição dos Buda de Bamiyan pelos talibãs, em 2001, no Afeganistão.

Os jihadistas do EI, que proclamaram um califado em uma extensa área na Síria e no Iraque, têm uma interpretação rigorosa do Islã sunita e rejeitam mausoléus e santuários religiosos que favorecem a "idolatria". Os extremistas também condenam outras formas de religião, a começar pelo braço xiita do Islã.

 

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