Ataques egípcios à Líbia criam tensão entre Egito e Catar
Os recentes bombardeios egípcios contra posições do grupo Estado Islâmico na Líbia reacenderam as tensões entre o Egito e o Catar. Doha convocou nesta quinta-feira (19) para consultas seu embaixador no Cairo. A decisão foi um protesto contra as declarações de representante egípcio na Liga Árabe que acusou o Catar de apoiar o terrorismo.
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O Catar foi um dos países que criticou a retaliação do Egito, após a decapitação de 21 cristãos coptas pelo grupo Estado Islâmico, no último domingo (15). Ontem, Doha disse que o Cairo não consultou seus parceiros da Liga Árabe antes de realizar “essa ação militar unilateral contra um país membro do bloco”.
A reação do delegado egípcio, Tareq Adel, que acusou o país de apoiar o terrorismo, acabou isolando o Egito na Liga Árabe. Contra toda expectativa, as monarquias do Golfo Pérsico ficaram ao lado do Catar, considerando infundadas as acusações formuladas pelo Egito.
Tensões na região
A maioria das monarquias do Conselho de Cooperação do Golfo apoiava abertamente o regime do presidente Sissi desde a destituição do presidente Mohamed Morsi, em 2013. O Catar foi criticado por seus vizinhos por ser o único dos países da região a apoiar a Irmandade Muçulmana, de Morsi, considerada uma organização terrorista pelos Estados Unidos e Arábia Saudita.
As relações entre Doha e o Cairo ficaram tensas durante meses, até que o Catar anunciou seu apoio ao presidente Sissi, em dezembro de 2014.
Intervenção internacional
As críticas do Catar podem dificultar ainda mais a campanha do Cairo para barrar a expansão do grupo Estado Islâmico na Líbia. Depois de ter bombardeado posições do movimento islâmico ultrarradical, o presidente Abdel Fattah al-Sissi pediu que a ONU autorize uma intervenção militar internacional no país africano.Mas o Egito encontra dificuldades para mobilizar a comunidade internacional. A maioria dos países não privilegia uma opção militar.
Durante a reunião do Conselho de Segurança do ONU para discutir o tema, na quarta-feira (18), a Líbia pediu a suspensão do embargo de venda de armas ao país para melhorar o combate às milícias extremistas. O governo líbio descarta, por enquanto, uma intervenção militar internacional no país, como defende também a França. O assunto segue em debate na ONU.
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