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Iraque

No Iraque, brasileiro ajuda refugiados do grupo Estado Islâmico

Uma ajuda brasileira tem sido silenciosa no Iraque para quem sofre perseguição e perdeu tudo o que tinha. Assim pode ser classificada a ação de Marcelo Rodrigues Viana, de 34 anos, que mora em Irbil, na região curda do país tomado por radicais do Estado Islâmico. O jovem diretor de marketing, que trabalha há dois anos no Iraque, está comovido em ver as péssimas condições na área onde vive com os refugiados. Marcelo decidiu fazer algo diferente.

Refugiados em Irbil no Curdistão iraquiano.
Refugiados em Irbil no Curdistão iraquiano. REUTERS/Rodi Said
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De Irbil, na região curda do Iraque, Richard Furst, para a Rádio França Internacional

As paisagens cinza e marrom da areia típica do Iraque parecem deixar ainda mais triste e vazio o cenário com poucas árvores, frio intenso (com temperaturas abaixo de zero durante a noite) e racionamento de energia elétrica distribuída por apenas 12 horas a cada dia. Tudo somado aos casos contatos por quem viu o grupo Estado Islâmico de frente. Por isso, o brasileiro Marcelo Viana, há dois anos no Iraque, percebeu que trazer brasileiros seria também uma opção para mudar o ambiente.

“Tenho ajuda de várias pessoas. Estou abrindo uma ONG com uma família da Nicarágua. Pedimos ajudas aos amigos em vários países, entramos em contato com ONGS locais. Botamos o nosso próprio dinheiro também.Uma coisa muito bonita que existe aqui é que todos querem ajudar”, conta o brasileiro. Marcelo Rodrigues Viana também está empenhado no envio de médicos do Brasil para trabalhar voluntariamente por duas semanas, agora em janeiro. Há um burocrático processo para aprovação dos vistos, mas ele está confiante.

Os campos de refugiados em Irbil estão superlotados

O brasileiro não consegue ficar imune ao sofrimento dos refugiados das atrocidades do grupo Estado Islâmico. Ele relata que sempre chora ao escutar os relatos das pessoas que perderam tudo, e muitas vezes até membros da família, na tentativa de fuga. “Choro quando vejo as histórias das pessoas que largaram tudo para tentar sobreviver”, conta Marcelo Rodrigues Viana.

Os campos de refugiados estão superlotados, o que dificulta o trabalho dos voluntários. “Os campos não são mais suficientes. Por isso, muitas pessoas acabam se refugiando em prédios em construção ou abandonados. A gente descobre esses lugares e vai conversar com eles. Muitas pessoas não tem mais água nem alimento. A gente faz uma pesquisa, vê quais são as necessidades e começa a ajudar com água, comida, cobertores... Tudo para tentar tornar um pouco melhor

 Crianças são as maiores vítimas

A contribuição dos brasileiros parece pequena devido ao curto tempo, mas para quem sofre a colaboração chega como um alívio, afirma uma médica eslovaca que trabalha para a associação internacional Church In Need (Igreja necessitada, em uma tradução livre em português).

Susana Dodová não para de trabalhar há três meses desde quando chegou ao Iraque. Em uma clínica improvisada dentro de um contêiner, ela atende quem fugiu do território agora sob poder dos radicais e vai orientar os médicos brasileiros agora em janeiro. “Toda ajuda, principalmente na área médica, é bem vida. Porque quem sofre pelo menos sente que há pessoas para cuidar delas, que estão olhando pelos desalojados e cuidando de uma certa forma.

As maiores vítimas são as crianças, principalmente com doenças de pele, segundo as equipes médicas. Há riscos de surtos de doença e epidemias porque os cuidados com a saúde são precários nos centros e acampamentos de refugiados. Crianças têm caminhado com calçados desapropriados para o inverno intenso da região, muitas vezes pouco agasalhadas num frio que vai abaixo de zero no período do inverno vivido aqui no hemisfério norte. Pessoas com doenças crônicas não recebem a medicação necessária por ser cara. Há ajuda, porém ainda longe de ser suficiente. O que agrava ainda mais a situação no país já tomado pelo desespero.

 

 

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Marcelo Rodrigues Viana, há dois anos no Iraque

 

 

 

 

 

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