Armênia quer que Turquia reconheça genocídio
O presidente armênio, Serge Sarkisian, acusou a Turquia de “continuar com a política de negação total” do genocídio de 1915 durante o império otomano, depois que Ancara apresentou pela primeira vez “pêsames” pelo massacre. A Armênia lembra hoje o 99º aniversário da morte em massa de 1,5 milhão de pessoas.
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“O genocídio segue existindo enquanto o sucessor da Turquia otomana continuar com sua política de negação total”, afirmou o presidente armênio em um comunicado. “Estamos convencidos de que a negação de um crime constitui sua continuação direta. Apenas o reconhecimento e a condenação podem impedir que este crime se repita no futuro”, completa a nota.
Segundo o presidente, o 100º aniversário do massacre, no ano que vem, seria uma oportunidade para a Turquia demonstrar “arrependimento e libertação desta pesada carga”.
Ontem, o primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, apresentou as condolências da Turquia “aos netos dos armênios mortos em 1915” nos ataques contra a comunidade sob o império otomano. Esta foi a primeira vez que o chefe de Governo turco falou de maneira tão aberta sobre a tragédia, ocorrida entre 1915 e 1917, nos últimos anos do império otomano.
As mortes são consideradas um genocídio por vários países, mas Erdogan evitou pronunciar essa palavra, que a Turquia sempre negou. “É um dever humano compreender e compartilhar a vontade dos armênios de lembrar seu sofrimento durante esta época”, afirmou o líder, por comunicado. “Desejamos que os armênios que perderam a vida nas circunstâncias do início do século XX descansem em paz e damos os pêsames aos seus netos”, acrescentou.
O genocídio armênio, o primeiro do século 20, começou no dia 24 de abril de 1915. Centenas de milhares de armênios do império otomano foram deportados ou massacrados - 1,5 milhão, segundo os armênios. A maioria perdeu seus bens, que foram confiscados.
Cantor Charles Aznavour diz que pêsames não são desculpas
O famoso cantor franco-armênio Charles Aznavour afirmou, nesta manhã, que as declarações turcas “não representam um reconhecimento e ainda menos um pedido de desculpas” pelo genocídio. O cantor divulgou uma nota a respeito do assunto, na qual diz desejar que “essa declaração seja um primeiro passo para um diálogo”, que é “recusado há 100 anos” para os armênios. Aznavour pediu ainda que a “verdade histórica” sobre os acontecimentos seja estabelecida pelos turcos.
Já o Conselho das Organizações Armênias na França considerou as declarações de Erdogan como “uma operação de comunicação”, para evitar o reconhecimento do genocídio. “Não se apresenta os pêsames 99 anos depois de um genocídio”, avalia o órgão.
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