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Irã/ programa nuclear

Irã negocia com a Rússia reator nuclear em troca de petróleo

O Irã está negociando com a Rússia para a construção de um novo reator nuclear em troca de petróleo, como parte de um vasto acordo comercial que preocupa os Estados Unidos, afirmou hoje (17) o embaixador iraniano em Moscou. O anúncio acontece na véspera da abertura de novas negociações sobre o programa nuclear iraniano, nesta terça-feira em Viena.

Chegada do embaixador iraniano Hassan Tajik em Viena, Austria. 17 de fevereiro.
Chegada do embaixador iraniano Hassan Tajik em Viena, Austria. 17 de fevereiro. REUTERS/Heinz-Peter Bader
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O diplomata Mehdi Sanaei confirmou a existência de “negociações sobre um conjunto completo de questões econômicas, dos bancos até a energia”, que prevê “a entrega de petróleo iraniano na Rússia”. Ele disse que poderiam ser “centenas de milhares de barris diários” de petróleo extraído da República Islâmica, que tem a economia asfixiada pelas sanções ocidentais, e que um acordo pode ser assinado “até agosto”.

A Rússia é um país exportador de petróleo, mas os novos recursos poderiam contribuir para aumentar o fornecimento a China. “O Irã poderia destinar uma parte dos recursos à construção por empresas russas de um segundo reator da central de Bushehr”, afirmou o diplomata, ao jornal Kommersant.

A central de Bushehr, construída pela Rússia e que entrou em funcionamento em 2011, é atualmente a única instalação nuclear civil do Irã. Muitos países ocidentais suspeitam que a República Islâmica tenta fabricar uma bomba atômica, e não utiliza a central apenas para fins civis, como sustenta o governo. As autoridades iranianas querem construir uma segunda central do mesmo tamanho a partir de 2014.

De acordo com Sanei, o acordo também poderia dar acesso às empresas russas às reservas de gás iranianas, assim como à importação de automóveis, cereais e material ferroviário russos. Os rumores que circulam há vários meses sobre um possível acordo “petróleo em troca de mercadorias” entre Rússia e Irã provocaram grande preocupação do governo dos Estados Unidos, conforme declarações feitas no mês passado sobre o assunto.

Khamenei pessimista sobre negociações

Ainda nesta segunda, o líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, disse não estar otimista em relação às negociações nucleares a serem realizadas junto a outras potências mundiais, mas que não se opunha às conversas, noticiou a agência de notícias oficial Irna.

O Irã e potências mundiais que formam o grupo chamado "5+1" alcançaram um acordo provisório em novembro passado, no qual Teerã concordou em interromper por seis meses partes de suas operações de enriquecimento de urânio em troca de alívios moderados nas sanções econômicas. Ambos os lados esperam partir desse entendimento para avançar nas negociações em Viena.

“Eu disse antes: não estou otimista sobre as negociações. Elas não vão levar a lugar algum, mas eu também não me oponho”, declarou Khamenei a uma ampla multidão durante uma visita à cidade de Tabriz, no noroeste do Irã, de acordo com a Irna.

“O que nosso Ministério de Relações Exteriores e representantes do governo começaram vai continuar, e o Irã não vai violar essa (promessa). Mas digo novamente que isso não tem nenhuma serventia e não vai levar a lugar algum”, afirmou. Khamenei, que tem a última palavra em questões de Estado, tem dado um apoio cauteloso aos esforços do presidente Hassan Rouhani, de postura relativamente moderada, na negociação de uma saída para o impasse nuclear.
 

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