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Igreja/Papa

Vaticano se explica à ONU sobre casos de pedofilia

Os representantes do Vaticano enfrentaram ao longo da manhã desta quinta-feira (16), em Genebra, uma sabatina de questões de especialistas do comitê para os direitos das crianças da ONU, cujas conclusões serão publicadas no dia 5 de fevereiro. Essa é a primeira vez que a instituição é instada a prestar explicações diante das Nações Unidas a respeito das medidas tomadas para lutar contra a pedofilia. O Papa Francisco declarou que os escândalos são a “vergonha da Igreja”.

Papa Francisco e Vaticano se manifestaram hoje sobre escândalos da Igreja
Papa Francisco e Vaticano se manifestaram hoje sobre escândalos da Igreja REUTERS/Tony Gentile
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“Se temos vergonha? São tantos escândalos que eu não quero mencionar individualmente, mas todos sabem!” exclamou Francisco na missa matinal na Casa de Santa Marta, no Vaticano, em uma alusão clara aos crimes de pedofilia, mas também de corrupção cometidos por membros do clero.

Sob Bento 16, o Vaticano já havia pedido perdão às vitimas e emitido uma ordem de tolerância zero aos bispos. As associações críticas à postura da igreja, no entanto, afirmavam que os movimentos não tinham consequências práticas. A Santa Sé se recusou no último mês de dezembro a responder a um questionário do comitê da ONU sobre os casos de pedofilia.

Nessa primeira sabatina, os especialistas da ONU colocaram questões como “Que mudanças foram propostas ao código de conduta para impedir outros escândalos sexuais?”, “Que sanções ocorreram contra as pessoas que tiveram uma conduta inapropriada?” e “Quais são as reparações para as vítimas?”.

Do seu lado, o Vaticano, que abriu os debates nesta quinta-feira, defendeu as suas ações de luta contra a pedofilia na igreja. “Os que cometem abusos estão entre os membros das profissões mais respeitadas e, infelizmente, também entre os membros do clero e outros integrantes da Igreja”, declarou o representante do Vaticano em Genebra, Silvano Tomasi.

“Não há nenhuma desculpa para qualquer forma de violência ou exploração de crianças” reforçou Tomasi, ressaltando que, segundo a Organização Mundial da Saúde, 150 milhões de meninas e 73 milhões de meninos foram vitimas de violências sexuais, segundo estatísticas de 2006.

Neste debate sobre a luta contra a pedofilia na Igreja, duas visões se opõem: a do Vaticano, que não se julga responsável pelos atos cometidos nas dioceses, e a das associações de vítimas, que consideram que a instituição deveria ser responsabilizada penalmente pelos crimes de seus representantes.

“A 'performance' do Vaticano na ONU não é uma surpresa”, ironizou Pam Spees, membro de uma organização norte-americana que defende as vítimas.

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