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Catar/Imigração

Mais de 4 mil imigrantes trabalham como escravos no Catar, denuncia Ong

O Catar, organizador do Mundial de 2022, está apenas começando a tomar consciência da gravidade do problema relacionado à exploração de imigrantes, estimam os responsáveis pelo primeiro índice mundial sobre escravidão.

Vista panorâmica de Doha, capital do Catar.
Vista panorâmica de Doha, capital do Catar. Wikimedia
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A Ong australiana Walk Free Foundation, que apresentou seu índice esta semana em Londres, alertou o Catar de que a preocupação com esse problema crescerá na medida em que se aproximar o torneio. De acordo com a Ong, entre 4 mil e 4.400 pessoas vivem como escravos no país que tem uma população de pouco mais de 2 milhões de pessoas.

Em entrevista à agência AFP, o diretor da Walk Free Foundation, Nick Grono, afirma que o Catar tem graves problemas com os milhares de imigrantes, que vêm principalmente do sul da Ásia, e muitos deles são explorados. No ranking da Ong, o Catar ocupa a 96 ª  posição.

“As autoridades do Catar, acredito, estão começando a entender que é preciso abordar a questão e esperamos que nosso índice comece a proporcionar-lhes mais dados e informações para contribuir com uma resposta política”, afirmou.

A definição de escravidão moderna, de acordo com essa Fundação, vai desde o problema do trabalho sem remuneração até à exploração selvagem, o tráfico humano e os matrimônios forçados.

Em setembro o diário The Guardian revelou que pelo menos 44 nepaleses, trabalhando em condições similares à escravidão, morreram entre 4 de junho e 8 de agosto em obras para a Copa de 2022 de futebol.

Citando documentos da embaixada do Nepal, no Catar, o diário afirmava que mais da metade das vítimas morreram devido a crises cardíacas ou acidentes trabalhistas. A Confederação Internacional de Sindicatos (ITUC, na sigla em inglês) disse ao diário que, se mantido o ritmo atual, pelo menos 4 mil trabalhadores imigrantes poderão morrer antes do torneio.

Mais denúncias

O jornal Le Monde, em sua edição que circula neste final de semana, denuncia que centenas de trabalhadores asiáticos já morreram a nove anos da realização do Mundial. Trata-se, segundo o vespertino francês, do maior escândalo envolvendo o rico emirado árabe, um país extremamente preocupado com sua imagem internacional.

Um enviado especial do jornal constatou que muitos operários estrangeiros trabalham até 12 horas por dia debaixo de temperaturas que chegam a 50 graus. Imigrantes ouvidos pelo Le Monde disseram ganhar um salário de miséria e em atraso, dormir em condições insalubres e ainda serem impedidos de filiarem-se a sindicatos e proibidos de fazer greve.

Segundo o Le Monde, a maior prova das condições difíceis de trabalho para imigrantes da Índia, do Bangladesh e do Nepal, entre outras origens, é que centenas deles perdem a vida por acidentes ou esgotamento físico.

Ao decidir organizar o Mundial de 2002, o Catar atrai a atenção internacional e também das organizações que defendem os direitos humanos. Por enquanto, segundo o jornal, os dirigentes que gostam de mostrar o lado moderno do país, preferem negar a extensão o problema. O Le Monde destaca ainda que as condições verificadas no Catar não diferem muito das adotadas por outras monarquias do Golfo Pérsico.
 

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