Oposição síria exige desculpas de Lakhdar Brahimi, novo mediador internacional
O Conselho Nacional Sírio, principal grupo de oposição do país, exigiu neste domingo que o novo mediador internacional para a Síria, Lakhdar Brahimi, peça desculpas por ter afirmado que era “prematuro demais pedir a saída de Bashar al-Assad”. O diplomata argelino confirmou na sexta-feira que substituirá o emissário Kofi Annan no fim do mês.
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A declaração do novo mediador para o conflito na Síria, que já deixou mais de 23 mil mortos, foi feita durante uma entrevista concedida à imprensa francesa, neste sábado. Preferindo manter a neutralidade, ele disse que ainda era 'cedo' para pedir a saída de Bashar al-Assad e precisava de mais informações antes de assumir uma posição oficial. Já Kofi Annan disse que o presidente sírio deveria deixar o poder ao assumir o cargo.
Em um comunicado divulgado neste domingo, o CNS (Conselho Nacional Sírio), afirma que Brahimi "menosprezou o sangue derramado pelo povo sírio." De acordo com o texto, "qualquer pessoa que dê a esse regime criminoso a ocasião de matar dezenas de milhares de sírios e de destruir o que sobra da Síria não quer reconhecer a amplitude da tragédia." Para o grupo da oposição, ‘’dar ao presidente sírio o tempo que ele precisa para destruir os fundamentos da sociedade síria vai contra à paz e o senso humanitário.’’ O CNS pediu que Brahimi, "que não consultou os sírios" para sua missão, peça desculpas à população.
Neste domingo, Brahimi tentou amenizar a polêmica e explicou ao canal al Djazira ter dito apenas que ainda era cedo para fazer declarações sobre "o conteúdo da sua missão" se referindo à Liga Árabe e às Nações Unidas. Depois de 17 meses de revolta, o diplomata argelino tem o desafio de obter uma saída para o conflito na Síria, que atinge proporções incontroláveis. Uma das principais dificuldades é obter o apoio do Conselho de Segurança da ONU, que permanece dividido. Os Estados Unidos, a França e a Grã-Bretanha não descartam uma intervenção militar, mas a China e a Rússia, aliadas do regime, já declararam que vão vetar qualquer operação, inclusive a criação de uma zona de exclusão aérea para proteger os rebeldes, como ocorreu na Líbia em 2011.
Os dois países defendem a aplicação do plano de paz da Liga Árabe e do acordo de Genebra, assinado em julho, que prevê, além do fim da violência, o diálogo entre a oposição e o regime. Os rebeldes recusam qualquer tipo de negociação com Bashar al-Assad. Neste domingo, pela primeira vez em um mês, o presidente sírio fez uma aparição pública, participando das orações para celebrar o fim do Ramadã, o jejum muçulmano.
O domingo também foi marcado pelo fim da missão dos observadores da ONU, que foram enviados ao país para fiscalizar a aplicação do cessar-fogo previsto do plano de Annan, que nunca ocorreu. Segundo a organização, apenas um escritório será mantido no país, com 30 especialistas políticos, autorizados pelo regime.
Em Aleppo, governo distribui folhetos pedindo a rendição dos rebeldes
Os combates em Aleppo continuaram intensos neste domingo. A cidade continua nas mãos dos rebeldes, que temem uma ofensiva terrestre do regime para retomar o controle da região. Pela primeira vez, segundo jornalistas que estão no local, os helicópteros das forças armadas distribuíram folhetos sobre a cidade oferecendo ‘uma última chance’ de rendição para os rebeldes, e alertando a população sobre qualquer tipo de apoio aos insurgentes. Logo em seguida, os helicópteros abriram fogo em diversos bairros do centro da cidade. Capital econômica do país, a vitória em Aleppo, segundo analistas, pode definir o desfecho do conflito.
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