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Turquia/Síria

Às vésperas de reunião da OTAN, Síria e Turquia trocam acusações

O regime de Damasco reafirmou nesta segunda-feira que o avião de caça turco abatido na sexta-feira pela Síria tinha “violado a soberania síria” e alertou a OTAN para uma eventual decisão de “agressão” que a Organização possa tomar contra o país na reunião deste terça-feira, convocada a pedido da Turquia.

O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores sírio, Jihad Makdessi, durante coletiva de imprensa desta segunda-feira.
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores sírio, Jihad Makdessi, durante coletiva de imprensa desta segunda-feira. REUTERS/Khaled al-Hariri
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O porta-voz do ministério das Relações Exteriores da Síria, Jihad Makdessi, acusou a Turquia de mentir com o objetivo de agravar a crise. “ O avião militar turco violou o espaço sírio, as defesas aéreas sírias responderam e (o aparelho) caiu em águas territoriais sírias. O que aconteceu foi uma violação flagrante da soberania síria”, disse ele.

Makdessi explicou que a entrevista coletiva em Damasco foi organizada para refutar as acusações feitas pela mídia árabe, dos países ocidentais e da Turquia. Segundo o porta-voz, a Síria ignorava a origem do alvo abatido.

Os destroços do caça enviados aos turcos provam que o aparelho foi abatido por um canhão automático de dois quilômetros e meio de alcance, de acordo com as autoridades sírias. Segundo o porta-voz, o avião “voava a 800 km/h, a um ou dois quilômetros (da Síria) e se dirigia para a costa síria. As defesas aéreas então visaram diretamente o avião que caiu em águas territoriais sírias”.

Na coletiva, Makdessi aproveitou para alertar os países da OTAN que se reúnem nesta terça-feira, em Bruxelas, a pedido da Turquia para analisar o incidente. “Se a reunião tem o objetivo de acalmar a situação, nós desejamos a eles boa sorte. Mas se o objetivo é um agressão, nós avisamos que o território, o espaço aéreo e as águas sírias são sagrados para o exército sírio, assim como o território turco é sagrado para o exército turco”, declarou.

Para o porta-voz, o ministro turco das Relações Exteriores, Ahmet Davutoglu deu uma visão “distorcida da realidade” sobre o incidente.

Tensão

Em entrevista no domingo, o chanceler turco disse que o avião de combate realizava uma missão de treinamento e foi abatido durante sobrevoo no espaço aéreo internacional. Vários países ocidentais, liderados pelos Estados Unidos e França, condenaram o ataque e julgaram o incidente “inaceitável”.

A secretária de estado norte-americana, Hillary Clinton, prometeu trabalhar com Ancara para dar uma resposta apropriada ao ato que ela qualificou de "vergonhoso". Clinton acusou as autoridades sírias de falta de respeito em relação “às leis internacionais, à vida humana, à paz e à segurança”.

A Turquia disse que a incursão no espaço aéreo sírio foi de 3 minutos. Para a Síria, a invasão foi mais longa, de 5 minutos.As operações de busca e resgate dos dois pilotos turcos que continuam desaparecidos prosseguem e são feitas por navios sírios e turcos.

Makdessi afirmou ainda que a Síria pretende manter boas relações com seu vizinho. “Não  tempos nenhuma intenção agressiva em relação ao povo e ao estado turcos”, afirmou.

As relações entre os dois países estão abaladas desde o início da revolta popular, em março do ano passado, para destituir o regime do presidente Bashar Al-Assad. Para agravar o clima de tensão entre os dois países, um novo general desertou hoje do exército sírio e buscou refúgio na Turquia.

O general, que não teve seu nome revelado, entrou na Turquia com dois coronéis, 30 soldados e familiares, num grupo de pelo menos 200 pessoas. Este novo caso aumenta para 13 o número de generais desertores do regime que se encontram em território turco.
 

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