Itália realiza julgamento histórico para as vítimas do amianto
Expectativa para o veredito do maior processo já realizado na Itália sobre os males do amianto. O ex-proprietário do grupo suíço Eternit e um ex-acionista belga podem pegar até 20 anos de prisão por fabricação de produto em desacordo com as normas de segurança.
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Gina Marques, correspondente RFI em Roma
A sentença de hoje vai ficar na história: é o maior processo penal na Itália e no mundo pelas mortes causadas por amianto. Centenas de pessoas, membros das delegações de sete países - Estados Unidos, Suíça, Bélgica, Holanda, Inglaterra, França e Brasil - estão no Tribunal de Turim para assistir pessoalmente a sentença contra a multinacional Eternit.
Os dois réus do processo - o magnata suíço Stephan Schmidheiny, de 65 anos, e o barão belga Louis de Cartier de Marchienne, 91 - eram chefes da empresa. Eles são acusados de desastre ambiental doloso e permanente. Segundo a acusação, os dois omitiram as informações sobre os danos causados pelo amianto, o que provocou a morte de milhares de pessoas na Itália e no mundo.
O amianto é um mineral cancerígeno usado durante várias décadas como isolante térmico e outras finalidades. Os efeitos nocivos do material são difíceis de provar, por isso as investigações duraram anos antes do início do processo, em 2009.
A competência dos magistrados é só italiana: os acusados devem responder por desastre doloso em quatro fábricas na Itália, que causaram mais de três mil vitimas comprovadas. Mesmo assim, o significado desta sentença é importante para o mundo.
Apesar dos riscos à saúde, o amianto ainda é usado em muitos países. Em 2007, foram consumidos mais de 2 milhões de toneladas do produto. A China é o maior consumidor (30%), seguido por Índia (15%), Rússia (13%), Cazaquistão e Brasil (5%).
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