Técnicos de Fukushima contam como enfrentaram o tsunami

A distribuidora de energia Tepco, que administra a central nuclear de Fukushima, publicou um relatório neste sábado com os depoimentos de dezenas de empregados que testemunharam a catástrofe ocorrida na usina, depois do tsunami do dia 11 de março de 2010, que deixou mais de 27 mil mortos e desaparecidos.

Masao Yoshida, diretor da central de Fukushima, em 30 maio de 2011. REUTERS/Tokyo Electric Power

Os depoimentos impressionam pelos detalhes. Um dos chefes de operações da sala de controle, por exemplo, descreveu a maneira como as luzes do painel piscaram antes de desligarem no dia do acidente. "Percebi que um tsunami tinha atingido o local no momento em que um dos empregados entrou correndo e disse : a água do mar está chegando!", descreve. "Fiquei completamente perdido depois que ficamos sem energia", declarou.

Outros técnicos ficaram na dúvida se deveriam continuar no local, já que os reatores estavam fora de controle. O terremoto de cerca de 9 graus na escala Ritcher, que precedeu o tsunami, paralisou os sistemas elétricos e de resfriamento da central, provocando a mais grave crise nuclear desde o acidente emTchernobyl, há 25 anos.No relatório, os técnicos da central também relatam as péssimas condições de trabalho depois do acidente.

Segundo testemunhos, depois do tremor de terra, houve diversas réplicas, e em vários momentos eles precisaram deixar o local e subir em uma colina com uma máscara no rosto, para evitar a contaminação. O relatório também descreve as tentativas dos empregados de diminuir a pressão da cápsula de aço que abriga o reator, abrindo, manualmente, uma válvula de ventilação para evitar uma fusão nuclear, com consequências catastróficas. "Colocamos todo o equipamento de segurança, mas não podíamos deixar os mais inexperientes realizarem esse trabalho, já que estavámos entrando em uma zona com altos níveis de radiação", declarou.