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Primavera árabe

Violência ameaça acordo de transição política no Iêmen

Em apenas dois dias, 21 pessoas, incluindo uma criança, morreram vítimas dos bombardeios realizados por unidades do exército fiéis ao presidente Ali Saleh em Taëz, segunda maior cidade do país, que é controlada pelos opositores do regime. 

Partidários do presidente Ali Saleh realizaram hoje uma manifestação em Sanaa, capital do Iêmen.
Partidários do presidente Ali Saleh realizaram hoje uma manifestação em Sanaa, capital do Iêmen. REUTERS
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Os confrontos armados no Iêmen persistem apesar do acordo firmado na semana passada para garantir uma transição de governo pacífica, após dez meses de contestação contra o regime do presidente Saleh.  

"Sem um cessar-fogo, o acordo não tem nenhum sentido", reconheceu hoje o vice-ministro da Informação Abdou Janadi, um partidário de Saleh.

O primeiro-ministro designado, Mohamed Basindawa, um líder da oposição, ameaçou desistir de formar um governo composto por opositores e fiéis do regime caso os bombardamentos de Taëz não parem.

No dia 23 de novembro o presidente Ali Saleh assinou um acordo elaborado pelas monarquias do Golfo, concordando em deixar o governo em um prazo de três meses. Eleições presidenciais antecipadas foram então marcadas para o dia 21 de fevereiro e Basindawa foi encarregado de formar um governo de transição. 

Apesar desses avanços políticos, a comissão militar para reestruturar o exército e os serviços de segurança e e recolher as armas ainda não foi formada.

"Talvez o poder esteja retardando a formação dessa comissão para se vingar, como em Taëz, ou para invalidar o acordo político", acusou o porta-voz da oposição, Mohamed Qahtane.

Em Taëz, no sudoeste do país, as unidades do exército fiéis ao presidente Ali Saleh estão tentando retomar os bairros controlados por homens armados das tribos que protegem os manifestantes. Muitos desses opositores não aceitam o acordo político e rejeitam a imunidade concedida a Saleh e seus partidários. 

Já Abdou Janadi acusou a oposição de "privilegiar em Taëz a ação militar em detrimento da ação política. O nosso campo não impede a formação da comissão pois o presidente Saleh quer o sucesso do plano do Golfo". 

Contestação

A manifestação contra o regime na capital Sanaa nesta sexta-feira foi dominada por slogans de solidariedade com os habitantes de Taëz.

O vice-ministro Abdou Janadi afirmou que os manifestantes estão sendo encorajados às escondidas pela oposição e alertou que a insistência deles em querer "derrubar as cabeças do regime pode levar somente à guerra civil". 

Um dos representantes dos jovens manifestantes rejeita essas acusações afirmando que os acordos entre o poder e a oposição não refletem as aspirações deles. "Não nos revoltamos para permitir que o poder e a oposição compartilhem os cargos ministeriais e continuaremos a protestar até a queda desse regime corrupto", disse Walid Ammari.

Ele deixou claro, no entanto, que o movimento de contestação pode acabar caso Ali Saleh abandone o poder e seus colaboradores sejam afastados dos serviços de segurança. Uma condição essencial, segundo ele, "ao nascimento de um Estado civil e moderno". 
 

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