Novos protestos no Barein durante enterro de manifestantes

Milhares de pessoas participaram nesta sexta-feira, em Manama, capital do Barein, do funeral de pelo menos quatro manifestantes xiitas, mortos durante um protesto reprimido com muita violência pelas autoridades locais. Durante o enterro, os manifestantes cobriram os caixões com a bandeira do Barein e gritaram slogans pedindo união nacional entre xiitas e sunitas e a queda do regime.

Funeral em Sitra, leste da capital Manama, 18 de fevereiro de 2011. Reuters

Os manifestantes foram mortos durante protestos realizados ao longo da semana, no centro da capital do Barein. Eles foram atingidos por tiros disparados pelas forças de segurança. Os confrontos entre policiais e manifestantes deixaram ainda 200 pessoas feridas. Durante o funeral desta sexta-feira, policiais ocuparam as ruas da capital Manama e um helicóptero da polícia sobrevoou a cidade de Sitra, onde os corpos foram enterrados.

Os confrontos dos últimos dias no Barein geraram reações da comunidade internacional. O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-Moon condenou a reação violenta do regime aos protestos e pediu que o país respeite os direitos fundamentais de seus cidadãos. O porta-voz da Casa Branca, Jay Carney, reforçou o apelo e condenou o uso da violência pelo governo do Barein.

Nesta quinta-feira, o ministro do interior do Barein se desculpou pelas mortes e informou que policiais foram presos e estão sendo investigados. O rei Hamad expressou "profundo pesar", em comunicado na televisão.

Localizado no Golfo Pérsico ao lado da Arábia Saudita, o Barein é um importante aliado estratégico dos Estados Unidos. O país abriga a Quinta Frota da Marinha Americana. Partidários do governo do país acusam os manifestantes de tentar implementar um regime simpático a Teerã.

O governo do Barein é uma dinastia sunita, mas a maior parte da população é xiita. E é justamente esta parcela do povo do Barein que tem tomado as ruas da capital Manama. Eles protestam contra a discriminação e exigem reformas. Na opinião da especialista em Mundo Árabe do Instituto de Estudos Estratégicos de Lisboa, Maria do Rosário Morais Vaz essa "é uma reivindicação política diferente das formuladas na Tunísia e no Egito.”

02:00

Ouça reportagem de Cris Vieira, em colaboração para RFI