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Brasil/Estados Unidos

Índios brasileiros pedem sangue guardado em laboratórios americanos

A campanha dos Yanomamis para recuperar o sangue de seus antepassados conservado em laboratórios norte-americanos chega à França. O jornal Le Monde publica nesta sexta-feira um grande artigo explicando a importância dessa reivindicação para os índios brasileiros

Reportagem do Le Monde sobre o sangue dos yanomamis, que continua sendo conservado nos laboratórios americanos
Reportagem do Le Monde sobre o sangue dos yanomamis, que continua sendo conservado nos laboratórios americanos RFI/ Le monde
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Tudo começou, lembra o Le Monde, em 1967, quando o geneticista norte-americano James Niel recolheu 12 mil amostras de sangue em cerca de 3 mil yanomamis, entre 1966 e 1970. Ele queria comparar mutações genéticas registradas nos sobreviventes das bombas nucleares de Hiroshima e Nagasaki a mutações registradas em comunidades isoladas.

A história poderia ter terminado aí, se, 30 anos mais tarde, o jornalista norte-americano, Patrick Tierney não tivesse publicado o livro "Trevas no Eldorado". A obra relata uma série de supostos abusos que teriam sido praticados por cientistas e jornalistas na região da Amazônia. Quando o líder da comunidade yanomami no Brasil, o índio Davi Kopenawa, recebeu a obra, descobriu, com surpresa, que as amostras de sangue recohidas haviam sido congeladas e conservadas em laboratórios nos Estados Unidos. Para os yanomamis, as amostras de sangue são restos mortais e, por isso, devem ser eliminados.

Desde então, relata o Monde, a comunidade yanomami no Brasil pede a restituição do sangue, sem sucesso. Em 2010, após anos de negociações entre a comunidade indígena, os governos brasileiro e norte-americano e laboratórios dos Estados Unidos, os yanomamis conseguiram um acordo sobre a restituição das amostras, mas falta definir as modalidades para enviar o sangue de volta ao Brasil. Segundo o jornal, os laboratórios e autoridades dos Estados Unidos impõem uma série de condições ao governo brasileiro que dificulta a restituição do sangue.

O Monde conclui o artigo com uma entrevista do antropológo Robert Borofsky, da Universidade de Hawai Pacific. Segundo ele, os norte-americanos querem ganhar tempo para nunca ter que devolver o "sangue roubado dos yanomamis".
 

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