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A Semana na Imprensa

‘Anti-Bolsonaro’, presidente mexicano encarna uma ‘renovação da esquerda’, diz revista francesa

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A revista francesa L’Obs desta semana traz uma reportagem de três páginas sobre o presidente do México, Andres Manuel Lopez Obrador. O texto, que apresenta o chefe de Estado como um Bernie Sanders dos trópicos, é intitulado “a revolução Amlo”.  

Andres Manuel Lopez Obrador ganhou perfil nas páginas da revista L'Obs intitulado "A revolução Amlo"
Andres Manuel Lopez Obrador ganhou perfil nas páginas da revista L'Obs intitulado "A revolução Amlo" Fotomontagem RFI
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Desde que ele assumiu o poder, no dia 1° de janeiro, seus discursos matinais são ouvidos em todo o país”, conta a revista. Transmitidos ao vivo pelas redes sociais e pelos sites dos jornais nacionais e emissoras de rádio e televisão, os pronunciamentos do presidente martelam sempre que “antes o governo ajudava apenas uma minoria, facilitando a corrupção, mas que agora, ele serve ao povo”.

Para a reportagem, Amlo está “em campanha permanente”. “Apesar de seus 65 anos, esse veterano da política roda o país, nos locais mais isolados e mais perigosos”, relata o texto. “E esse populismo soft funciona, pois o primeiro presidente de esquerda da história recente do México continua despertando um entusiasmo inédito e detém cerca de 80% de opiniões favoráveis nas pesquisas”, analisa L’Obs.

“Qual é a receita desse anti-Bolsonaro?”, questiona a revista. Uma das explicações, segundo a reportagem, é a série de reformas implementadas pela presidente, como o aumento de 16% do salário mínimo, uma renda mínima instaurada para jovens que não estudam, mas que querem aprender uma profissão, e um sistema de ajuda para as famílias mais pobres”, enumera.

Presidente cortou seu próprio salário

Para financiar essas medidas, Lopez Obrador prometeu acabar com a corrupção generalizada e implementou o que chama de “austeridade republicana”, limitando a remuneração dos funcionários públicos de alto escalão, além de reduzir seu próprio salário em 60%. “Amlo também abriu mão de morar na luxuosa residência presidencial de Los Pinos, que ele pretende transformar em um centro cultural. Ele também dispensou os guarda-costas, vendeu o avião presidencial e viaja sem escolta, seja em voos comerciais ou em seu próprio carro velho”, conta a revista. Ainda segundo a reportagem, os políticos aderiram ao conceito, já que os senadores aceitaram um corte de 42% em seus salários e até abriram mão do convênio médico pago pelo Senado.

No entanto, analisa a revista, Obrador “também tem seu lado sombrio”. Seus críticos o consideram populista e afirmam que não é distribuindo dinheiro para o povo que o país vai voltar a crescer. “Se ele quer tirar as pessoas da pobreza, é preciso criar empregos”, alfineta nas páginas da L’Obs o intelectual Francisco Martin Moreno, autor de um livro sobre o presidente, intitulado “Ladrão de esperanças”.

Além disso, continua a reportagem, em pouco mais de 100 dias de governo, Amlo começa a ser criticado também por alguns de seus simpatizantes. Há que o acuse de autoritarismo ou de ter firmado um pacto com o antigo governo para conseguir implementar suas próprias medidas. Obrador também é contestado por sua apatia diante de Donald Trump e a delicada questão migratória, ou ainda por ter esquecido alguns temas de sociedade, como o casamento entre pessoas do mesmo sexo ou a legalização do aborto no país, em um silêncio que contrariou seu eleitorado. “Mas Amlo não parece duvidar de sua capacidade de lutar contra a pobreza e a corrupção”, finaliza a revista L’Obs, lembrando que o presidente, desde jovem, sempre disse que tinha uma missão a cumprir.

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