Davos debate desigualdade e assédio, mas mulheres ainda são minoria no evento
O Fórum Econômico de Davos, que abriu suas portas nesta terça-feira (23), organizou este ano uma série de mesas redondas sobre assédio sexual e desigualdade de salário entre homens em mulheres. Porém, apesar da vontade de lançar um debate cada vez mais atual, o evento, que reúne as personalidades políticas e econômicas mais influentes do mundo, ainda sofre com a falta de mulheres entre seus participantes.
Publicado em: Modificado em:
Apesar de ser copresidido por sete mulheres e tentar trazer a questão da desigualdade à mesa de discussões, o Fórum Econômico de Davos continua sendo um evento predominantemente masculino. A edição deste ano conta com apenas 21% de delegadas participantes.
Mas Davos está tentado mudar sua imagem, como demonstrou em uma das fotos de abertura do evento, na qual podiam ser vistas as sete copresidentes. Aparecem na imagem simbólica Christine Lagarde, diretora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Isabelle Kocher, diretora do grupo Engie, Sharan Burrow, secretária-geral da Confederação Internacional de Sindicatos, Erna Solberg, a primeira-ministra norueguesa, Fabiola Gianotti, diretora-geral da Organização Europeia para a Análise Nuclear, Ginni Rometty, diretora da IBM e a ativista indiana Chetna Sinha.
"Espero que possamos demostrar coletivamente que, inclusive sem testosterona, é possível (...) encontrar soluções" para os problemas do mundo, disse Lagarde. Mas, na verdade, a testosterona é abundante em Davos, mesmo se a participação de mulheres avança, a duras penas, com o tempo: elas eram 18% em 2016, 20% em 2017 e 21% neste ano.
Para Saadia Zahidi, membro do comitê executivo do Fórum Econômico Mundial (WEF), que organiza o evento, a falta de mulheres tem vários motivos. Em alguns setores, "não há mulheres suficientes", e em outros, ao contrário, há muitas, mas "não estão em pé de igualdade", explicou.
Desigualdade se acentuou em 2017
Segundo estudo publicado recentemente pelo WEF, as desigualdades entre homens e mulheres se acentuaram em 2017 pela primeira vez em dez anos. Neste ritmo, "serão necessários 217 anos para alcançar a igualdade salarial. Como é possível que o mundo tenha que esperar tanto tempo?", disse Winnie Byanyima, ativista ugandesa e diretora da ONG Oxfam.
Em uma mesa redonda sobre a liderança feminina, Byanyima lembrou que as mulheres, trabalhadoras ou empregadas domésticas, estão "no último escalão da cadeia de produção". A ativista também ressaltou que essas cidadãs são as principais vítimas de abuso sexual e de violência.
Com informações da AFP
NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.
Me registro