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Armelle Enders, historiadora francesa:"Situação da UERJ é desesperadora"

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A francesa Armelle Enders, professora de História do Brasil na Paris-Sorbonne, está mobilizada em uma iniciativa que envolve acadêmicos estrangeiros para tentar salvar a UERJ -Universidade Estadual do Rio de Janeiro. Ela participa de um movimento que recolhe assinaturas de escolas superiores de prestígio pelo mundo, para reforçar, diante do governo brasileiro, a importância de se salvar a entidade. 

A historiadora Armelle Enders.
A historiadora Armelle Enders. (Foto: DR)
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A professora descreve a crise na universidade carioca, que afeta os serviços mais básicos como fornecimento de luz e coleta de lixo: "A UERJ está numa crise desesperadora, que é consequência da falência do estado do Rio de Janeiro. Então, em 2016, ela recebeu como repasse do estado do Rio, que é o órgão responsvel pela vida da universidade, somente 75% do orçamento; Salários e bolsas de estudo, - são 9.000 alunos bolsistas - foram pagos até novembro e em dezembro os salários e bolsas foram parcelados. Mas, sobretudo, não há dinheiro para a Universidade funcionar normalmente, a coleta de lixo acabou, as contas de luz não foram pagas, enfim, a faculdade não tem condições de funcionar".

A preocupação maior dos professores e alunos é que a crise ameaça o ano letivo de 2017, por não haver condições de voltar às aulas.

Armelle Enders se implica pessoalmente no apoio à UERJ por vários motivos: "Primeiro, sou acadêmica e a situação das universidades públicas no mundo me toca; em segundo lugar, vou muito ao Rio de Janeiro, trabalho com a história do Brasil e fui professora-visitante dando aulas e seminários na UERJ durante quatro meses", ela diz.

Apoio de universidades e instituições estrangeiras de prestígio

Três dias depois de lançar o apelo, Armelle Enders conseguiu mais de 500 assinaturas de instituições francesas de grande prestígio, como o College de France e universidades do país inteiro, muitas faculdades da Itália (entre elas, Sapienza de Roma, Bolonha), dos Estados Unidos, como as renomadas Berkeley, Columbia e outras, além de instituições de ensino superior do México, Uruguai, Argentina, Bélgica.

A professora pensa que a iniciativa das assinaturas de apoio à UERJ de universidades prestigiosas podem chamar a atenção do governo brasileiro para a importância desta entidade. "O Brasil não gosta de fazer feio no cenário internacional". Armelle também reflete que se as assinaturas não conseguirem melhorar as coisas, pelo menos os colegas, alunos e servidores da UERJ saberão que existe esse movimento de solidariedade do mundo todo.

"Esses problemas são universais, acho que a educação, a universidade pública, está ameaçada no mundo inteiro por uma onda que vou chamar de retrocesso, obscurantismo, então, temos que nos unir no mundo para defender alguns valores", conclui a historiadora.

 

 

 

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