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Linha Direta

Colégio eleitoral dos EUA deve confirmar eleição de Trump

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Os delegados que representam os milhares de eleitores do país em todas as capitais regionais dos EUA apontarão nesta segunda-feira (19) o novo presidente que assumirá no dia 20 de janeiro. Normalmente se trata apenas de um rito pró-forma do arcaico sistema eleitoral americano, mas este ano os 538 cidadãos terão seus votos acompanhados com toda atenção pela imprensa e pela elite política do país.    

Donald Trump durante un discurso de agradecimiento en Alabama.
Donald Trump durante un discurso de agradecimiento en Alabama. (Foto: Reuters)
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Eduardo Graça, correspondente da RFI em Nova York

O grupo de liberais está em franca campanha para que pelo menos 36 delegados mudem de lado e votem em Hillary Clinton em vez de Donald Trump, dando a vitória aos democratas e criando uma crise política inédita na maior potência do planeta.

Eleitores insatisfeitos com Donald Trump e indignados com a cada vez mais clara interferência da Rússia nas eleições presidenciais pode simplesmente jogar a Casa Branca nos braços de Hillary Clinton? Uma hipótese possível, mas nada provável, apesar do clima irrespirável hoje tanto em Washington quanto em Wall Street.

As evidências cada vez mais fortes de interferência de Moscou, através de hackers, para beneficiar Trump durante a campanha eleitoral, estão fazendo com que muitos eleitores, inclusive conservadores, se posicionem contra o republicano antes mesmo de ele assumir o governo.

As pesquisas indicam que, hoje, Trump é o presidente eleito mais impopular da história recente americana, com mais da metade dos entrevistados se declarando em oposição ao futuro governo. É bom lembrar que Hillary venceu as eleições no voto popular com quase 3 milhões de frente.

As chances de os delegados não votarem hoje conforme o resultado popular em cada estado, ratificando a vitória de Trump, são improváveis, mas possíveis. Eles não teriam, obrigatoriamente, de votar no candidato vitorioso. Esta é uma questão que pode acabar chegando à Suprema Corte. É que, como os EUA são de fato uma federação, cada estado tem suas próprias regras referentes ao processo eleitoral e, na maioria deles, não há obrigatoriedade explícita de o delegado - em geral um nome escolhido pelos partidos, por exemplo, um dos delegados de NY é o ex-presidente Bill Clinton - votar no vitorioso.

Nunca antes na história americana se registrou uma traição em massa que revertesse o resultado, mas, este ano, um movimento de advogados e ativistas liberais diz já ter conseguido o apoio de 20 delegados que se recusam a votar em Trump por conta do que vêem como sua "parceria com Vladimir Putin, o líder russo". É preciso que 36 delegados mudem de opinião e abandonem Trump para mudarem, de forma inédita, o resultado das eleições.

Suspense dura até 6 de janeiro

Até o momento, apenas um delegado veio a público dizer que não irá respeitar o voto popular em seu estado e sim o voto popular em todos os EUA, cuja maioria foi para Hillary. O inesperado suspense vai durar até o dia 6/1, quando o vice-presidente Joe Biden irá contar oficialmente, um a um, os votos dados hoje, e anunciar o vencedor. Trump tem dito que o governo Obama, a CIA e o FBI, estão criando uma historia onde, na verdade, só há suposições.

Esta tática, entretanto, se revela especialmente frágil quando dois dos mais experientes senadores republicanos, John McCain e Lindsey Graham, assinaram, juntamente com colegas democratas, ontem, no fim do dia, uma carta endereçada ao líder da maioria na Câmara Alta do Capitólio, senador Mitch McConnell, exigindo a instauração do equivalente a uma CPI para determinar a real dimensão da invasão digital e da manipulação da eleição de novembro por Moscou.

Já há indícios de que a Rússia atuou para influenciar até disputas para o Senado e para a Casa dos Representantes e, se McConnell, que na semana passada disse ser contrário à CPI, ceder aos colegas, Trump vai assumir o governo no mês que vem com uma especie de Watergate da era digital em suas costas. Não vai ser fácil.

Embaixador dos EUA em Israel indicado por Trump é judeu ortodoxo

Trump segue anunciando novos nomes de seu governo, cada um mais controverso do que o outro. O nome polêmico da vez é do novo embaixador dos EUA em Israel, David Friedman, um judeu ortodoxo, linha-dura, contrário a uma Palestina independente, e que quer transferir a embaixada de Tel-Aviv para Jerusalém. Ele apoia a política de colônias israelenses na Cisjordânia e já afirmou que Israel deveria simplesmente anexar a região oficialmente.

Sem qualquer experiência diplomática, ele é muito próximo de Trump, a quem serviu como advogado especializado em falências de grandes empresas. O governo de transição anunciou ainda que a escolha representa uma nova era de proximidade com Israel, e aumento de cooperação militar e de inteligência com o país.
 

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