Protestos vão exigir resposta à altura do governo Dilma, diz analista francês
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Ouvir - 07:22
A mobilização histórica realizada neste domingo (13) por todo o Brasil criou um fato político que exige do governo uma reação forte, segundo análise de Gaspard Estrada, diretor-executivo do Observatório Político da América Latina e Caribe, do Instituto de Estudos Políticos de Paris (Sciences Po).
“O que está em jogo hoje em dia, vai muito além da popularidade de Dilma Rousseff, é a existência de seu governo”, diz. Para Estrada, uma questão essencial para a sobrevivência do governo será a definição do PMDB, que, em sua convenção de sábado (12), deu um prazo de 30 dias para a direção do partido decidir se deixa ou não a base aliada do governo.
“A sinalização feita pelo PMDB de talvez desembarcar da base aliada do governo demonstra a dificuldade da presidente Dilma Rousseff em criar uma agenda positiva e sair dessa agenda atual. Por um lado da agenda vinculada pela operação Lava Jato e, por outro, deste problema de esfacelamento da base aliada”, afirma.
“O PMDB está fazendo o que melhor sabe fazer, um jogo dúbio, para aumentar o seu cacife político e esperar o momento adequado para ficar no governo ou desembarcar do governo Dilma. O PMDB tem hoje sete ministérios, incluindo o da Saúde, que tem o maior volume de recursos. Hoje, o partido está em uma posição muito privilegiada”, acrescenta.
Posição desconfortável
A direção a ser tomada pelo partido está diretamente vinculada com o cenário mais propício para o partido, de acordo com o diretor da Sciences Po. ”Basicamente, o PMDB, que sempre foi um partido rachado, particularmente de modo histórico entre o Senado e a Câmara, está aproveitando essa confusão para ser um ator predominante no governo Dilma ou num futuro governo de Michel Temer”.
No entanto, lembra o cientista político, o PMDB tem um cuidado em avançar nesse processo de impeachment porque tem muitas lideranças envolvidas no escândalo da Lava Jato, como o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, que deve também prestar contas à Justiça e é investigado pela Procuradoria Geral da República.
“O PMDB tem o cuidado de não avançar muito rápido nem também muito devagar porque sabe que pode ser alvo de futuras investigações da Polícia Federal. Isso o coloca em uma posição desconfortável”, afirma Estrada.
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