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Zika deixa Brasil em alerta e América inquieta, diz Les Echos

A expansão do vírus zika por todo o continente americano mereceu destaque de página inteira no jornal francês especializado em economia Les Echos desta quarta-feira (27).

Um teste para detectar zika em São Paulo, em 18/01/2016.
Um teste para detectar zika em São Paulo, em 18/01/2016. REUTERS/Rodrigo Paiva
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Desde sua descoberta em 1947 na Uganda, o vírus demorou quase 80 anos para ser levado a sério, mas agora se espalha a um ritmo alucinante. Assim começa a reportagem que explica o fenômeno que assusta toda a América e levou a Organização Mundial de Saúde declarar o assunto "extremamente preocupante". A OMS prevê uma expansão rápida, afirma Les Echos.

O vírus chegou ao Brasil no início do ano passado, depois de ter passado pela Ásia e alguns países do Pacífico, e já atinge 21 dos 55 países do continente. A previsão é que todos os locais onde há presença do aedes, o vírus se desenvolva. Há cerca de 40 casos na Guiana Francesa e a doença não vai demorar a chegar na Martinica e na Guadalupe.

Um dos problemas para identificar o vírus, diz o texto, é que apenas uma em cada quatro pessoas desenvolve os sintomas e quando eles aparecem, são similares à gripe: febre, dores de cabeça e nas articulações. Em alguns casos, manchas avermelhadas na pele e conjuntivite. Na Polinésia Francesa, lembra o texto, cerca de 40 pacientes apresentaram sintomas da doença de Guillain-Barré, que atinge nervos periféricos do organismo.

Em entrevista ao Les Echos, o diretor da Unidade de Epidemiologia do Instituto Pasteur, Arnaud Fontanet, diz que a novidade são os casos de bebês com microcefalia nascidos de mulheres que contraíram o zika durante a gravidez. A relação entre o vírus e a microcefalia não está confirmada, mas o número de casos explodiu no Brasil, passando de 147 em 2004 a quase 4 mil no ano passado.

O medo do aumento dos casos de microcefalia levou países como Colômbia, El Salvador, Jamaica e Equador a sugerir, mais ou menos oficialmente, que as mulheres evitem engravidar nesse período. A medida provoca críticas em países onde métodos contraceptivos não são tão divulgados. A OMS ainda deve confirmar o primeiro caso suspeito de transmissão por via sexual, informa o jornal. Até a França entrou na lista de países que pediram para mulheres grávidas evitarem regiões de infestação do mosquito.

De qualquer forma, o vírus continua sua progressão para a América do Norte, não com o aedes aegypti, mas com os viajantes que retornam aos países de origem.

Brasil está assustado com a zika

No Brasil o alerta é geral e o país vive em "estado de urgência médica" decretado pelo ministério da Saúde , afirma o correspondente do Les Echos em São Paulo.

Dos quase quatro mil casos de microcefalia, a maioria na região nordeste, cinco bebês já morreram. O zika segue o mesmo tipo de contaminação da dengue, explicou o professor e pediatra Saulo Ramos, da Universidade de Jundiaí.

Uma vacina contra a dengue foi aprovada pelas autoridades brasileira, mas não contra a zika. No máximo, um soro poderá ser disponibilizado pelos laboratórios dentro de três anos. As pesquisas, lembra Les Echos, também tentam bloquear a transmissão do vírus pelo aedes aegypti cruzando com um mosquito geneticamente modificado por uma bactéria.

Les Echos reproduz a constatação do Ministro da Saúde, Maurício Castro, de que o Brasil está perdendo a batalha contra um mosquito conhecido há mais de 30 anos. Nada menos que 220 mil pessoas estão mobilizados para o trabalho de eliminar os focos do aedes aegypti.

O diário francês lembra que algumas delegações olímpicas já alertaram seus atletas para os riscos. O país lembra que os Jogos do Rio vão acontecer durante o inverno, período de menor incidência do mosquito. O Brasil espera 440 mil turistas para o evento e não pode assustá-los, principalmente nesta fase de grave crise econômica, constata Les Echos.

 

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