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Linha Direta

Sem acordo para formar governo, Catalunha pode ter novas eleições

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Há uma sensação de urgência na Catalunha. Artur Mas, atual presidente em função na região espanhola, não consegue formar um novo governo, necessário após as eleições regionais de 27 de setembro. Ele tem até o próximo domingo (10) para fechar um acordo e garantir sua reeleição como presidente, mas está bem difícil reunir conservadores e separatistas radicais no mesmo governo e já se fala na convocação de novas eleições na Catalunha.

Artur Mas, atual presidente da Catalunha e candidato à reeleição.
Artur Mas, atual presidente da Catalunha e candidato à reeleição. AFP PHOTO/ JOSEP LAGO
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Fina Iñiguez, correspondente da RFI em Barcelona

Faltando pouco dias para o prazo final, um acordo para a formação de um novo governo catalão parece improvável. Depois de mais de três meses de negociações, não houve mudança de postura da CUP, o partido de esquerda anticapitalista que com apenas 10 deputados bloqueou a formação de um novo gabinete liderado por Artur Mas. Por sua vez, o atual presidente da região não cedeu nem um milímetro e se manteve firme como único candidato possível.

Se nenhum acordo acontecer até o próximo domingo (9), os catalães serão convocados a votar pela quarta vez em cinco anos.

Posição dos outros partidos em relação ao impasse político

Todos os partidos coincidem em criticar Artur Mas, acusado de ter favorecido essa situação. Eles acreditam que novas eleições na Catalunha, mesmo não sendo o cenário ideal, devem servir para definir o rumo da política regional e estabelecer um novo ponto de partida que traga soluções para a questão da independência da Catalunha.

O panorama político é complexo. Fazendo um breve resumo: Artur Mas foi o candidato da coalizão “Junts pel Si” (Juntos pelo Sim, em catalão) formada por representantes da esquerda republicana, do centro-direita e de independentes. A coalizão de Mas ganhou as eleições, mas sem maioria absoluta. Para formar o governo, ela precisa de seis votos da CUP, o partido de esquerda radical pró-independência. Mas a CUP não apoia a reeleição de Mas por ele pertencer a um partido marcado por estrondosos casos de corrupção, envolvendo políticos históricos como o ex-presidente da Catalunha Jordi Pujol e toda sua família.

Mas a oposição à reeleição do candidato da coalizão "Junts pel Si" vem também do conservador PP, do socialista PSOE e dos emergentes Ciudadanos, de centro-direita, e Podemos, de esquerda. Esses partidos têm diferentes ideologias, mas compartilham serem contra a independência da Catalunha.

Podemos, o partido mais votado na Catalunha nas últimas eleições, defende um referendo que defina de uma vez por todas a situação dos catalães. Os outros partidos, contrários ao referendo, argumentam que devem ser estudadas mudanças constitucionais para satisfazer as expectativas de todos os espanhóis, incluindo os catalães, sem romper a unidade da Espanha.

População está frustrada com falta de acordo

Essa complexa situação está provocando cansaço nos eleitores. Existe também um sentimento de frustração porque os catalães depositaram a confiança em políticos que não conseguem se entender e nem resolver o quebra-cabeças surgido das urnas. Nas eleições da Catalunha em 27 de setembro, assim como nas gerais de 20 de dezembro, os espanhóis votaram por uma mudança política, acabando com a zona de conforto do bipartidarismo e obrigando os representantes políticos a se entenderem, coisa que não está acontecendo.

O que parece claro é que nem a nomeação de Mas, nem as prováveis novas eleições regionais, vão resolver o problema de convivência entre os que querem uma Catalunha fora da Espanha e os que a preferem a unidade do país.

O resultado das eleições gerais da Espanha também não favorece um acordo entre os partidos e tudo parece indicar que também haverá novas eleições a nível nacional até junho.

Novas eleições na Catalunha podem acontecer em março

Artur Mas informou nesta terça-feira (5) que, caso não se chegue a um acordo para a sua nomeação antes do próximo domingo, ele vai convocar na segunda (11) novas eleições provavelmente para o dia 6 de março. Apesar disso, o presidente da Catalunha disse também que continua lutando para conseguir um acordo até o último minuto, pois, em suas próprias palavras “enquanto há vida, há esperança”.
 

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