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Linha Direta

Israel: indiciamento de dois judeus por terrorismo pode atenuar tensão com palestinos

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Israel começou 2016 lidando com terrorismo depois de um ano repleto de violência entre árabes e judeus no país e nos territórios palestinos. Porém, o indiciamento de dois jovens israelenses acusados de terrorismo, por terem provocado um incêndio grave na Cisjordânia, em julho do ano passado, pode contribuir para reduzir a tensão com os palestinos.

«Vingança», escrito em hebreu no muro da casa incendiada em Duma, no dia 31 de julho de 2015.
«Vingança», escrito em hebreu no muro da casa incendiada em Duma, no dia 31 de julho de 2015. AFP PHOTO / JAAFAR ASHTIYEH
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Correspondente da RFI em Tel Aviv

Dois israelenses, Amiram Ben-Uliel, de 21 anos, e um menor de idade de 17 anos, foram indiciados depois de seis meses de esforços da polícia de Israel para encontrar os responsáveis por um incêndio criminoso que marcou o ano passado e piorou o clima entre israelenses e palestinos. Trata-se do assassinato de três palestinos de uma só família, a Dawabshe, no vilarejo de Duma, na Cisjordânia, no dia 31 de julho de 2015. Um bebê de 18 meses e seus pais morreram. Só o irmão mais velho, de 5 anos, sobreviveu, mas está hospitalizado com graves queimaduras até hoje.

Acusados são anarquistas ultrarreligiosos

A polícia já sabia que os responsáveis eram judeus, porque eles deixaram pichações em hebraico no local do ataque. As pichações eram semelhantes a outras feitas anteriormente por um pequeno grupo de jovens extremamente religosos e anarquistas, que agem como numa espécie de seita. Eles atacam não-judeus, como cristãos, muçulmanos e drusos. Mas também têm como alvo autoridades israelenses, porque não se identificam com o Estado de Israel, pregando a criação de um reinado religioso governado por leis bíblicas. O ataque em Duma, no entanto, foi o primeiro com vítimas fatais.

Polícia foi criticada pela demora nas investigações

Tanto israelenses quanto palestinos criticaram a demora nas investigações sobre o caso. Afinal, o exército israelense costuma deter rapidamente palestinos acusados de terrorismo. O governo de Israel considera que esse ataque em Duma foi terrorismo, portanto, deveria ter sido mais rápido na busca pelos responsáveis.

A polícia se defende afirmando que o grupo de jovens judeus anarquistas age como uma seita também diante dos investigadores. Por meses, um grupo de mais de 20 detidos se calou totalmente, sem dar qualquer informação. Eles só abriam a boca para rezar trechos de livros sagrados. Só quando o Serviço de Segurança de Israel, o Shabac, se envolveu usando de métodos duros, é que alguns abriram a boca, o que levou ao indiciamento de ontem. Advogados dos detidos acusam o Shabac de torturar seus clientes, mas os agentes do Serviço de Segurança negam.

O fato de Israel estar provando que não coloca na cadeia apenas terroristas árabes, mas também terroristas judeus pode, segundo alguns analistas, atenuar a tensão com os palestinos. O caso de Duma levou a uma onda de violência na região.

Tragédia com família palestina gerou nova escalada de violência

O destino da família Dawabshe chocou a grande maioria dos israelenses, mas principalmente fez com que muitos jovens palestinos e árabes-israelenses saíssem às ruas em protestos contra Israel. Muitos passaram a cometer atentados.

No dia 13 de setembro, um israelense foi morto depois que seu carro foi atingido por pedradas de jovens árabres de Jerusalém. Desde então, 28 israelenses morreram em ataques palestinos com facas, atropelamentos ou armas de fogo em mais de 160 atentados em Israel, na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental. Cerca de 130 palestinos morreram nesse período, dois terços deles enquanto cometiam os atentados e os outros em confrontos com o exército israelense. Com esse indiciamento, pode ser que haja menos motivação para esses ataques e confrontos.

Atirador de Tel-Aviv continua foragido

A minoria árabe de Israel, que representa 20% da população, também se envolveu nesses atentados. Na sexta-feira, um cidadão árabe de Israel Nashat Melhem, de 29 anos, morador de um vilarejo na Galileia, foi a Tel Aviv e atirou a esmo com uma submetralhadora numa das principais ruas da cidade. Ele matou dois israelenses, de 26 e 30 anos, que estavam num bar, e deixou mais oito feridos.

Era pouco mais de duas e meia da tarde e as ruas estavam lotadas de pessoas, já que sexta-feira já é fim de semana em Israel. O ataque causou pânico na cidade, a segunda maior do país, principalmente porque Nashat conseguiu fugir e ainda está armado. Novamente, a polícia está sendo criticada por não ter agido rapidamente para deter o agressor.

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