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Brasil-América Latina

Recessão brasileira prejudica estratégia do novo governo argentino

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A Argentina tenta sair de um regime fechado, hegemônico e autoritário para um aberto, pluralista e democrático. Mas a recessão brasileira, agravada pela crise político-institucional, funciona como um balde d'água nas esperanças argentinas. A saída então é apostar numa saída em comum com o Brasil: revitalizarem o Mercosul e apostarem num acordo de livre comércio com a União Europeia. 

Mauricio Macri, novo presidente argentino
Mauricio Macri, novo presidente argentino REUTERS/Jorge Adorno
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Márcio Resende, correspondente da RFI em Buenos Aires

O governo argentino acaba de abrir uma economia há quatro anos fechada. O fim das restrições comerciais e cambiais já é uma realidade. O movimento de capitais antes proibido é agora permitido e o acesso à moeda estrangeira foi liberado.

O governo do presidente Mauricio Macri precisa gerar recursos financeiros adicionais para implementar uma série de reformas estruturais. Mas do principal sócio comercial e político, o Brasil, de onde mais deveria vir ajuda financeira, só chegam notícias de crise.

A ameaça de um processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff ajuda a aprofundar o quadro recessivo brasileiro.

Por aqui, a ex-presidente Cristina Kirchner deixou um país no vermelho com contas públicas descontroladas e com um Banco Central sem reservas líquidas.

Principal mercado

Sem poder contar com o crédito internacional por ainda estar em moratória, a saída para o governo Macri seria contar com as vendas ao Brasil, o principal mercado para os produtos argentinos. Mas a recessão brasileira dificulta esse caminho.

E ainda pior para a Argentina: o Brasil não só compra menos da Argentina como também poderia escoar para o mercado argentino, agora aberto, parte da produção brasileira que não consegue vender internamente, devido à recessão.

O jeito então é seduzir os empresários brasileiros a investirem na nova Argentina. A ministra argentina das Relações Exteriores, Susana Malcorra, relembrou que antes de assumir, o presidente Macri viajou ao Brasil para se reunir com empresários brasileiros em busca de investimentos, uma prioridade do novo governo.

"O fato de o presidente ter viajado primeiro a Brasília e, de Brasília a São Paulo, é um sinal claro de quanto importa a este governo estreitar os vínculos com os empresários brasileiros", destacou Malcorra.

Barreiras comerciais

Desde novembro de 2011, quando começaram as barreiras comerciais e cambiais, as empresas brasileiras com negócios na Argentina suspenderam investimentos. A Vale do Rio Doce, por exemplo, suspendeu um mega projeto de potássio de 6 bilhões de dólares. A Argentina quer agora o retorno dos investimentos brasileiros, como admite a ministra Malcorra.

"Vamos fazer tudo o que for possível para eliminar as travas que possam haver. Tudo deveria facilitar o fluxo de oportunidades para ambos os países. Parece-me que este é um momento propício para fazermos um "reinicío" da nossa relação bilateral, mas também da nossa relação multilateral através do Mercosul", aposta.

Argentina e Brasil são siameses na recessão. Os dois países convivem com uma queda acentuada da atividade econômica. Sem um poder contar tanto com a ajuda do outro, a saída é abrirem-se juntos ao mundo, através de uma revitalização do Mercosul. Sai de cena o protecionismo argentino que bloqueava as negociações com a União Europeia por um acordo de livre comércio. A Europa é a grande saída para uma necessidade em comum: ganharem mercado e voltarem a crescer.

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