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Reportagem

Proibidas de manifestar na COP 21, ONGs fazem protestos alternativos

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Os atentados de Paris tiveram um impacto imediato nos preparativos da conferência do clima da Nações Unidas, a COP 21. Com a capital francesa em estado de emergência após os ataques que deixaram 130 mortos e mais de 350 feridos, várias medidas foram tomadas para garantir a segurança, não apenas do parisienses e dos participantes do evento, mas também dos mais de 100 chefes de Estado e de governo que estarão na cidade até 11 de dezembro. A principal decisão foi a proibição das manifestações paralelas nas ruas, o que obrigou as ONGs a encontrar soluções alternativas.

Alemães aderiram ao movimento March4me.
Alemães aderiram ao movimento March4me. REUTERS/Hannibal Hanschke
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A proibição das passeatas em Paris foi um balde de água fria nas ONGs, que preparavam uma série de eventos, entre eles, uma marcha gigantesca na capital francesa, prevista para a véspera da abertura da COP 21. Algumas organizações, como coalizão Climat 21, entidade que reúne cerca de 130 associações e que vinha se preparando há dois anos para esse momento, afirmam se sentir excluídas pela medida. “O primeiro-ministro francês, Manuel Valls, declarou que a COP 21 seria reduzida ao essencial e, em seguida, fomos notificados de que nossas manifestações paralelas não poderiam ser realizadas. Deduzimos com isso que a mobilização da sociedade civil não faz parte do que o governo considera como essencial hoje, na luta contra o aquecimento do planeta”, comenta Juliette Rousseau, porta-voz da coalizão.

No entanto, essa restrição não significa que os atores da sociedade civil vão abandonar a COP 21 e várias manifestações alternativas estão previstas. A própria Climat 21 lançou, junto com a Fundação Nicolas Hulot, Greenpeace e WWF a iniciativa "March4me" (ou em português, “Caminhe por mim”), um dispositivo digital no qual aqueles que foram privados de desfilar em Paris, podem pedir, via internet, para que os participantes das passeatas pelo mundo afora desfilem carregando cartazes com seus nomes. Um projeto simbólico, que visa principalmente criar uma espécie de rede mundial de militantes conectados via internet.

Já a antena francesa da ONG Avaaz imaginou uma manifestação inusitada, na qual os participantes vão poder ocupar o espaço público, sem se reunir fisicamente. “Decidimos encontrar soluções para que as 200 mil pessoas que deveriam participar da grande marcha de domingo possam manifestar por meio de ações simbólicas, artísticas ou sonoras em Paris. Por exemplo, pedimos que as pessoas que deveriam participar da passeata tragam seus sapatos para a Place de la République, no centro de Paris, para realizar uma instalação artística, simbolizando os passos de cada um que deveria desfilar. E tem muita gente trazendo seus sapatos!”, conta Marie Yared, encarregada de campanha da ONG na França.

Manifestações pelo clima no mundo

Cerca de 2 mil eventos ligados à Conferência do clima serão realizados pelo mundo, com mais de 50 grandes passeatas. Pelo menos 30 mil pessoas eram esperadas na sexta-feira (27) em Melbourne.

O sábado será marcado por marchas em Manila e Tóquio e domingo as ONGs realizam protestos em Sydney, Nova Déli, Kampala e Londres. Nos Estados Unidos, cortejos são previstos em Washington, Los Angeles, Nova York e Austin. Eventos semelhantes também devem ser realizados na Colômbia, Bolívia, México e Egito.

Clima de carnaval fora de época no Brasil

No Brasil, pelo menos 19 cidades devem sediar manifestações, mas o principal protesto será em São Paulo, onde o clima deve ser festivo. “Vamos realizar um grande ‘carnaval de inspiração’”, comenta Diego Casaes, coordenador de campanha da Avaaz na capital paulista. A marcha vai começar em frente ao Masp, às 14h do domingo, com vários blocos temáticos e a participação de comunidades indígenas.

A particularidade do evento brasileiro será o tom otimista. “Queremos mostrar que podemos enfrentar esses desafios, como as mudanças climáticos, de uma forma positiva, e não apenas de maneira reativa. As pessoas vão levar suas mensagens, reivindicando aos governantes que tomem ações, mas sem tom de briga, e sim de felicidade e esperança”, explica o representante da ONG. Para dar o tom, até mesmo um samba enredo, intitulado “Entre no Clima”, foi composto para animar o evento paulista, que tem tudo para ganhar ares de carnaval, mesmo fora de época.

Os organizados esperam receber mais de 10 mil pessoas no cortejo entre a avenida Paulista e o parque do Ibirapuera, onde a marcha será finalizada com um show musical. Se as expectativas forem alcançadas, o principal evento brasileiro espera se tornar, junto com Londres e Berlim, uma das três maiores manifestações paralelas da COP 21.

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