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Fato em Foco

Mais de 2.500 mesquitas da França se unem para condenar o terrorismo

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Todos os terroristas dos atentados de Paris eram muçulmanos. Uma realidade que leva a população islâmica da França, a primeira da Europa - estimada em 10% dos mais de 66 milhões de habitantes do país - a se preocupar com a estigmatização da sua comunidade.

A Grande Mesquita de Paris chamou os fiéis para uma grande confraternização na sexta-feira, dia da grande oração para os muçulmanos.
A Grande Mesquita de Paris chamou os fiéis para uma grande confraternização na sexta-feira, dia da grande oração para os muçulmanos. DR
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Como resposta à islamofobia crescente, o Conselho francês do Culto Muçulmano, maior instituição representativa do Islã, decidiu reagir e reunir mais de 2.500 mesquitas da França para divulgar nesta sexta-feira (20), dia da grande oração, um texto solene condenando "sem ambiguidade, toda forma de violência ou de terrorismo". Nesta mesma data, a Grande Mesquita de Paris, que há um século representa a presença do Islã na França, convocou pela primeira vez uma grande reunião para reafirmar a mensagem de paz implícita em sua religião.

O reitor Boubaker Dalil, explica porque tomou esta iniciativa: "Somos sensíveis a todos que são vítimas do terrorismo e fazemos um apelo aos poderes públicos para reforçarem ao máximo a prevenção desses atentados que afetam profundamente nossa população, todos os princípios de vivermos juntos explodiram nesse momento. Não sei se as pessoas estão percebendo que estamos em estado de guerra, uma guerra declarada, uma guerra sem piedade, uma guerra mecânica. Agora é preciso que o ser humano recupere esse lado de volta à vida de paz e serenidade, a sermos solidários, compassivos.  Os atentados fizeram mortos cristãos, judeus, muçulmanos, então, os terroristas agem cegamente sem poupar ninguém e todos nós estamos envolvidos enquanto parisienses e franceses".

O iman Khaled Bouchama é presidente da União dos Muçulmanos da Île-de-France, região que circunda Paris e da qual faz parte Saint-Denis onde, no dia 18 de novembro, uma operação das Forças Especiais matou e prendeu terroristas. Fato inédito e preocupante, uma mulher kamikaze acionou sua cintura explosiva pela primeira vez na França.

Para o iman de Île-de-France, esses grupos extremistas não representam a ideologia islâmica e é importante que sejam dissociados da comunidade religiosa. " Acho importante que o segmento associativo muçulmano se expresse com força e diga que essas pessoas não representam os muçulmanos franceses, eles fazem uma leitura equivocada e falsa dos principios da religião muçulmana, que é uma religião de amor e de paz. Esperamos também que os políticos compreenderão e passarão sua mensagem no sentido inverso: os muçulmanos e o Islã não têm nada a ver com o que está acontecendo", observa o religioso.

Estigmatização

A mineira Silvia Capanema, vereadora e vice-presidente do Conselho de Saint-Denis, cidade onde os jihadistas estavam escondidos, alerta para o risco de estigmatização: "Claro que a França tem uma grande população de países árabes, isso é uma riqueza para o país e, é claro, nem tudo vai ser uma coisa fácil. Tem uma minoria de pessoas que podem se radicalizar, mas a maior parte dos muçulmanos da França são pessoas extremamente pacíficas e mesmo moderadas", diz Silvia, lembrando que há muito tempo a cidade de Saint-Denis pede o reforço do policiamento pelo Estado, já que a polícia municipal tem funções muito restritas.

"Saint-Denis cresceu muito. Essa violência aí, esse terrorismo infiltrado, tem a ver com outras violências como tráfico de drogas, assaltos...", diz a vereadora.

A grande oração

Na sexta-feira, melhor dia em que se levantou o Sol, segundo o Islã, os muçulmanos da França vão se unir para mostrar que Islamismo não é sinônimo de terrorismo.

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