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Ataques são guerra contra a França e vão marcar a geração "Bataclan"

Os jornais desta segunda-feira (16) trazem uma cobertura extensa sobre os ataques de sexta-feira (13) em Paris com reportagens sobre o balanço de vítimas, a resposta do governo, reações dos franceses e muitas análises para refletir porque a França foi alvo do terror.

Homenagens em frente ao restaurante Le Carillon, alvo de ataques terroristas.
Homenagens em frente ao restaurante Le Carillon, alvo de ataques terroristas. AFP PHOTO / ERIC FEFERBERG
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Les Echos retoma a expressão usada pelos líderes políticos e por toda a imprensa durante o fim de semana e, estampando uma imensa bandeira da França a meio mastro, afirma que o país está no "meio de uma guerra".

As investigações que avançam rápido e envolvem a Bélgica, as mudanças no dia a dia dos franceses com o estado de urgência, as novas medidas em debate contra o terrorismo, a distância que os outros partidos tomam do presidente François Hollande foram alguns temas tratados pelo jornal.

Em editorial, Les Echos diz que o país nunca irá esquecer as vidas ceifadas pelo horror, a ira diante do absurdo. Mas os "soldados covardes do grupo Estado Islâmico não irão acabar com o estilo de vida alegre e a vontade dos franceses de estarem juntos".

O país vai se manter em pé e defender seus valores. Os jihadistas não vão abalar "os valores que são a alma desta nação e fazem da França um país singular e que incarna tudo o que eles abominam: a liberdade, a razão, a cultura, a capacidade de rirem de tudo, de Deus, das igrejas, mesmo respeitando o lugar da religião na sociedade".

Resposta

O jornal conservador Le Figaro afirma que o presidente socialista François Hollande está diante de um grande desafio: a resposta aos terroristas. Ele prometeu uma guerra "impiedosa" e deve anunciar hoje, diante dos parlamentares reunidos no Congresso de Versalhes - um evento excepcional na política francesa -, as medidas que pretende adotar tanto no país como fora das França. "Mas como levar adiante essa guerra?", questiona o jornal conservador.

Para isso, Le Figaro diz que o governo socialista terá de rever a atual política do ministério da Justiça, considerada pouco firme em relação à delinquência. Todo o arsenal de medidas como detenção, expulsão do território francês, retirada de nacionalidade para suspeitos de atividades terroristas terá de ser revisto.

Le Figaro também defende que Hollande se oponha à política migratória da chanceler alemã Angela Merkel, chamada pelo jornal de "erro histórico", por permitir que terroristas possam sonhar em derramar sangue na Europa se infiltrando no fluxo de migrantes que chegam ao continente.

Nova estratégia do grupo Estado Islâmico

Le Figaro diz que a organização terrorista adotou uma nova estratégia internacional que visa atingir o maior número possível de inimigos fora do califado instaurado pelo grupo. Para isso, a organização reforça os laços entre a direção central e suas filiais no exterior.

O diário lembra a série de ataques recentes, como o avião russo abatido no Egito, o atentado em Beirute e agora na França, um país inimigo pela postura adotada em relação à religião, que é separada do estado e banida dos espaços públicos. Um especialista ouvido pelo Le Figaro diz que o grupo Estado Islâmico quer demonstrar que pode atacar onde e quando quiserem. E os ataques de Paris foram preparados pelo braço francófono da rede terrorista.

Geração Bataclan

Libération dedica sua manchete para falar do impacto sobre a geração de franceses visada pelos jihadistas. Muitas gerações ficaram marcadas na história do país, como a de Maio de 68 ou da Guerra da Argélia. Agora, "será a vez da geração Bataclan", diz o jornal, em referência à casa de shows que foi alvo do ataque mais violento, que deixou ao menos 89 mortos.

Libération traz diversas fotos de jovens que perderam a vida no momento em que se divertiam com um show de um grupo de rock. Abertos ao mundo, cosmopolitas, festeiros... eles têm a mesma idade dos terroristas, enfrentam muitas vezes as mesmas dificuldades de inserção profissional, mas com um estilo de vida diferente, diz o texto.

Foi esse estilo de vida, alegre e tolerante que foi o verdadeiro alvo dos ataques dos extremistas, avalia Libération. Seria um erro, depois desses ataques, que cada um se torne intolerante, alerta o jornal. Em entrevista ao jornal, o filósofo Abdennour Bidar afirma que também foi atacada a união criada na França depois da gigantesca mobilização social de 11 de janeiro para repudiar os ataques que começaram contra o jornal Charlie Hebdo.

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