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Linha Direta

Acusação no TPI e tráfico de drogas de parentes podem fragilizar Nicolás Maduro

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A situação anda complicada para o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro. Pela primeira vez na história do país recai sobre a família presidencial uma acusação de tráfico de drogas, caso que será levado aos tribunais norte-americanos. Em paralelo, Nicolás Maduro está sendo denunciado por crimes contra a humanidade, no Tribunal de Haia.A situação anda complicada para o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro. Pela primeira vez na história do país recai sobre a família presidencial uma acusação de tráfico de drogas, caso que será levado aos tribunais norte-americanos. Em paralelo, Nicolás Maduro está sendo denunciado por crimes contra a humanidade, no Tribunal de Haia.

REUTERS/Miraflores Palace/Handout
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Elianah Jorge, correspondente da RFI Brasil em Caracas

Antes das eleições legislativas de 6 de dezembro, uma grave acusação contra o governo pode repercutir na campanha eleitoral. Um pedido foi feito ao Tribunal Penal Internacional de Haia para que investigue crimes contra a humanidade supostamente cometidos pelo presidente Nicolás Maduro nos protestos de fevereiro de 2014.

Os familiares dos mortos nos protestos anti-governo do ano passado decidiram pedir à promotoria do TPI uma investigação. Segundo o grupo, o presidente Nicolás Maduro é o responsável pelas mortes, 43 ao todo, além de milhares de presos e feridos. A denúncia foi apresentada por Juan Carlos Gutierrez, um dos advogados de Leopoldo López, e pelo opositor e fugitivo do regime bolivariano, Carlos Vecchio. Vecchio alega que existem condições para considerar que há crimes contra a humanidade, que são competência da TPI. “Nesta primeira etapa foi solicitado ao organismo internacional que abra um exame preliminar contra altos funcionários do governo, especificamente, por crimes contra a humanidade ligados a casos de assassinatos, torturas, prisões, perseguições”. O caso foi proposto como de caráter de urgência ao TPI.

A reação do governo veio através do Defensor do Povo venezuelano, Tarek William Saab, uma espécie de ombudsman do poder, que declarou que “esta decisão tem mais intenção de propaganda que de peso jurídico legal porque não reúne os requisitos necessários para isso. Ir ao TPI tem que ser por motivos de crimes de guerra, contra a humanidade, e de extermínio de uma população civil fruto de um ataque armado, entre outras coisas; e isso certamente os advogados do Sr. López não têm. É preciso que sejam sérios e usem o direito internacional com muita objetividade”, declarou Saab.

Tráfico de drogas e sobrinhos

Efraín Campo Flores e Francisco Flores de Freitas, ambos sobrinhos da primeira-dama da Venezuela, Cília Flores,são os parentes do presidente presos nos Estados Unidos. Um deles foi criado pela esposa de Nicolás Maduro. Ambos devem ser apresentados nesta quinta-feira (12) a um tribunal federal nos Estados Unidos, acusados de tráfico internacional de drogas após terem sido presos no Haití em uma operação da DEA, a Agência Antidrogas norte-americana. Os Flores transportavam 800 quilos de cocaína em um avião propriedade de uma empresa venezuelana e usavam passaportes diplomáticos, embora não possuam imunidade. De acordo com informações, os sobrinhos da primeira-dama estavam em contato com um agente da DEA que se fazia passar por um traficante e na hora da prisão chegaram a tentar um indulto ao alegar o vínculo com o alto escalão do poder venezuelano. A operação, que foi gravada, acontece poucas semanas antes das eleições parlamentares aqui na Venezuela e enquanto a primeira-dama acompanha o presidente Nicolás Maduro em viagens internacionais. O dirigente e seu governo não se pronunciaram sobre o caso.

Controle de drogas na Venezuela

Alguns especialistas afirmam que a Venezuela é um dos principais corredores do tráfico internacional, embora não produza drogas e sim escoe a produção oriunda da Colômbia. As apreensões da venezuelana Oficina Nacional Antidrogas apontam uma considerável quantidade de maconha, mas raramente há informação sobre a incineração de cocaína. Recentemente, o ex-segurança de Hugo Chávez, Leamsy Salazar, fugiu para os Estados Unidos, onde acusou Walter Gavidia Flores, filho da primeira-dama Cília Flores, de participar de uma rede internacional de narcotráfico. Antes disso, Hugo Carvajal, que chegou a ser designado cônsul da Venezuela em Aruba, foi preso também pela DEA acusado de ligações com o narcotráfico internacional, mas acabou sendo solto por ter imunidade diplomática.

Um caso grave aconteceu em setembro de 2013 quando mais de uma tonelada de cocaína saiu da Venezuela em um voo comercial da Air France. A droga acabou sendo apreendida na França. Até hoje aqui no país paira a pergunta sobre como esta quantidade de droga foi colocada no avião sem que as autoridades aeroportuárias tenham percebido a estranha movimentação.

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